A tarifa de energia elétrica no Brasil está ficando mais cara devido à escassez de energia, como consequência das dificuldades de se construir hidrelétricas no país, disse hoje (16) o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Luiz Carlos Silveira Guimarães. Entre as dificuldades, ele citou a demora na concessão de licenciamento para a construção das usinas. "Depois, quando aprova, tem um custo de mitigação do impacto ambiental, que é justo", disse.
Guimarães afirmou que outro elemento determinante sobre o preço da energia é o fato das novas usinas hidrelétricas serem construídas sem reservatórios para armazenar a água. "As usinas sem reservatórios geram muito menos e isso as torna mais caras". Em função disso, segundo ele, a tendência é que a energia gerada fique mais cara com o passar do tempo.
O presidente da Abradee descartou que vá faltar energia nos próximos anos "porque o país tem hoje uma empresa de planejamento", referindo-se à Empresa de Planejamento Energético (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Segundo ele, o sistema elétrico é mais robusto atualmente e pode acionar, quando necessário, as usinas termelétricas, o que impede o problema de racionamento. Como essas usinas são mais caras, disse que "as térmicas vão afetar o preço, mas energia não faltará".
O presidente da Abradee também falou dos efeitos da crise internacional sobre as distribuidoras de energia. De acordo com Guimarães, a redução da procura por energia foi a principal consequência para o setor. Segundo ele, a tendência com a crise "é o mercado crescer menos e a receita das distribuidoras diminuir", disse.
Para a diretora Econômico-Financeira da entidade, Lívia de Sá Baião, o efeito da crise nos consumidores residenciais, por exemplo, leva algum tempo a ser sentido. "É prematuro dizer que o que ocorreu nesse segmento de consumo foi uma "marolinha"", disse. Ela revelou que muitos dos grandes consumidores de energia são livres, ou seja, negociam os preços de acordo com o mercado. Daí, o impacto da crise ser menor.
Além disso, segundo ela, a situação financeira das distribuidoras é boa. As empresas estão pouco endividadas e não têm exposição ao dólar. Apesar da crise, não há previsão de queda nos investimentos pelas distribuidoras no setor. Nos últimos dez anos, o total investido atingiu R$ 5 bilhões por ano. Com o programa do governo federal Luz Para Todos, os investimentos das empresas subiram para R$ 7 bilhões/ano. Hoje, elas atendem a cerca de 63 milhões de consumidores.