A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu ontem, à diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a criação de linhas de financiamento para empresas que queiram explorar, de forma sustentável, áreas da floresta amazônica.
Essas áreas são os distritos florestais que o ministério está criando e onde empresas privadas poderão explorar recursos naturais de forma sustentável – por exemplo, com o replantio das árvores retiradas do local.
A ministra citou duas dessas áreas: o distrito florestal de Carajás (PA), que deverá ser criado em março, em uma área de um milhão de hectares, e a região cortada pela rodovia BR-163, que liga Santarém (PA) a Cuiabá (MT). Esse distrito florestal já foi criado mas ainda não está sendo explorado. Outros dois distritos deverão ser criados até o final do ano na região amazônica.
“O financiamento é importante porque o manejo em bases sustentáveis tem custos de produção maiores do que aqueles que acontecem de forma ilegal. Então, são necessários incentivos tanto para os produtores e manejadores, quanto para se desenvolver apoio tecnológico, pesquisa e apoio às comunidades. E Carajás é uma região complexa, devastada, com altíssimo impacto ambiental”, disse Marina Silva.
No distrito florestal de Carajás, 60% da área deverão ser destinados a espécies vegetais nativas e 40%, a árvores que possam ser transformadas em carvão para a indústria de ferro gusa no estado.
O presidente do BNDES, Demian Fiocca, disse não ver “problema de falta de recursos” para as novas linhas de crédito. E o chefe do Departamento de Meio Ambiente da instituição, Eduardo Bandeira de Melo, acrescentou que o financiamento “tanto pode ser para a produção de florestas homogêneas, visando à produção de carvão, como para a recuperação de áreas degradadas”.
Na área da BR-163, segundo a ministra Marina Silva, está prevista a concessão de florestas e o BNDES poderá apoiar a exploração sustentável, evitando o desmatamento para outras finalidades, como a pecuária ou a produção de grãos.
Demian Fiocca lembrou que o BNDES já tem uma linha de apoio a florestas de outra natureza, na área de papel e celulose, e cujas condições poderiam ser adaptadas. E informou que nova reunião com técnicos do ministério foi marcada. “O contato será permanente”, disse.