Quarenta empresários mato-grossenses partem, amanhã, na ‘5ª Missão Empresarial à China’, promovida pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). O objetivo é participar da segunda edição da Feira de Cantão, além de visitar indústrias locais. A missão ocorrerá até o dia 22, e passará também por Dubai, nos Emirados Árabes.
Segundo a coordenadora do CIN, Gabriela Fontes, a procura significativa da classe empresarial pela missão aponta a descoberta do mercado oriental. “Já notamos uma mudança na visão do empresário em relação ao produto chinês, anteriormente associado às réplicas de qualidade questionável”, avalia. É o caso de Antônio Carlos Santamaria, diretor de uma empresa de representação comercial.
“Corrigi uma impressão errônea sobre a China, ligada a imitações sem qualidade. O país está crescendo e gerando oportunidades para investidores e para sua população”, diz Santamaria. A mudança de paradigmas atinge também outros setores. “Os produtos apresentam qualidade incontestável e preços acessíveis”, avalia o diretor de uma empresa do setor de construção, Olivo Bigolin.
Esse cenário de transformações é verificado também nos números do comércio bilateral envolvendo Brasil e China. Impulsionado tanto pela importação quanto pela exportação, as negociações envolvendo os dois países, no período de 2000 a 2007, aumentaram 10 vezes, passando de US$ 2,31 bilhões para US$ 23,37 bilhões. Atualmente, ambos integram um novo bloco econômico mundial de países atraentes e seguros para investimentos.
A China é hoje o principal comprador individual de Mato Grosso. No entanto, as exportações estaduais para o oriente estão concentradas no complexo soja, madeira e couro, entre outros itens. Já na lista das importações do Estado, a China figura na sexta colocação entre os países vendedores, atrás de Rússia, Belarus, Canadá, Israel e Estados Unidos.
Em junho deste ano, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em parceria com os Ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Conselho Empresarial Brasil-China e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lançou a Agenda China – Ações Positivas para as Relações Econômicas-Comerciais Sino-Brasileiras. O documento visa triplicar as exportações brasileiras para a China e atrair mais investimentos chineses para o Brasil até 2010.
Na agenda, estão reunidas informações como os setores e produtos com potencial de expansão nas exportações para o mercado chinês, em curto e médio prazo, além de dados sobre barreiras tarifárias e não-tarifárias, oportunidades para investimentos chineses, entre outros. ”Em outras palavras, a Agenda expõe o que a China quer comprar do mundo, que o Brasil pode fornecer”, explica a coordenadora do CIN.
Entre os itens citados no documento estão, por exemplo, 147 produtos, distribuídos por 28 setores, com potencial de exportação em curto prazo. Além disso, são identificados alguns dos principais setores para o recebimento de investimentos chineses. O documento está disponível para consulta, na íntegra, no site do MDIC: www.desenvolvimento.gov.br.
Entre os segmentos participantes da missão empresarial, o de engenharia civil responde por boa parte dos inscritos. “O preço mais acessível pelos equipamentos de ponta permite uma atualização do parque fabril mato-grossense. Em alguns casos, as máquinas compradas na China chegam a um terço do valor que se pagaria no Brasil”, explica a coordenadora do CIN.
Além da participação na Feira de Cantão, os empresários vão visitar uma série de indústrias chinesas. “É a chance para o empresário conhecer uma realidade empresarial diferenciada, novos modelos de gestão, além de proporcionar uma mudança na visão sobre o setor produtivo chinês”, salienta Gabriela. Já em Dubai, está prevista uma visita ao Centro de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX).
No dia 30 de setembro, os integrantes da missão estiveram reunidos com representantes da China Trade Center – parceira na realização da missão – para alinhar informações sobre a viagem, além de conhecer o Guanxi, a etiqueta de negócios com a China. Durante a reunião, os empresários conheceram fatores que podem culminar no sucesso ou fracasso nas negociações com os chineses, como comportamento, postura, flexibilidade e preparação adequada.