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Economia terá que crescer acima de 4% para criação de mais empregos

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A economia brasileira terá de crescer a taxas bem superiores à média apontada por analistas (oscilando entre 3% e 4%), para que haja aumento de postos de trabalho e uma queda mais expressiva na taxa de desemprego. A avaliação foi feita à Agência Brasil pelo economista Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Ele justificou que há uma capacidade ociosa nas empresas e a estratégia delas, em um primeiro momento, pode ser a de estender a jornada do pessoal já ocupado com adoção de horas extras. Se o Produto Interno Bruto (PIB) ficar próximo dos 3%, a taxa de ocupação pode ficar estável, acredita Ganz Lúcio.

Dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a novembro último, indicou leve queda na taxa de desemprego, que passou de 5,3% para 4,9%. Houve um recuo também no índice apurado em conjunto pelo Dieese e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), com a constatação de que 10,5% da População Economicamente Ativa (PEA) estavam desempregados em outubro, ante 10,9%, em setembro.

O levantamento relativo à Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Fundação Seade e do Dieese, é feito em sete regiões metropolitanas: Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Salvador, São Paulo, Porto Alegre e Distrito Federal. Entre outubro do ano passado e igual mês deste ano, foram criados 514 mil empregos, número menor do que o total de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho (691 mil), o que elevou neste período em 177 mil o total de desempregados (2,365 milhões).

Embora, na virada de setembro para outubro, a indústria tenha sido a que mais contratou mão de obra com a oferta de 75 mil vagas e um crescimento de 2,5%, sobre outubro de 2011, o setor encolheu o número de vagas em 0,8% com a eliminação de 24 mil postos de trabalho. E é essa área do setor produtivo que pode vir, segundo Clemente Ganz Lúcio, a impulsionar a economia, no próximo ano.

"Há uma sinalização de retomada do emprego na indústria", ressaltou o economista. Ele observou que, embora este segmento econômico tenha sido mais afetado pela queda na demanda internacional, houve a compensação dos benefícios concedidos pelo governo federal como, por exemplo, a medida de desoneração da folha de pagamento, oferta de linhas de crédito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entre outros estímulos.

Esse quadro permitiu "uma certa dinâmica da economia", com manutenção da taxa de desemprego mais baixa e com ganhos salariais acima da inflação. No entanto, segundo Clemente, muitas empresas colocaram os investimentos "na geladeira". Com base em projeções dos analistas, ele disse que a taxa de investimento neste ano ficou entre 18 e 19% e deveria alcançar algo em torno de 25% para que a economia crescesse entre 4 a 5%.

Na opinião dele, o desempenho da economia no ano que vem vai depender da reação externa, do quanto a Europa será capaz de contornar a crise no bloco do euro; da capacidade da China em aumentar as importações e do reaquecimento nos Estados Unidos.

"O Brasil não vai se sustentar para um crescimento tão grande se for depender apenas do mercado interno", disse ele, pontuando que "emprego e renda são fundamentais para o crescimento". O economista salientou que, em alguns segmentos, "tivemos uma situação de pleno emprego", caso da construção civil. Porém, advertiu a necessidade de o país corrigir o problema da falta de profissionais especializados.

Um dos obstáculos a serem vencido para melhorar a competitividade em nível mundial, segundo ele, é a redução da diferença de custo da mão de obra. De acordo com Ganz Lúcio, a hora trabalhada nas empresas brasileiras custa entre cinco a sete vezes mais do que na China, e o valor na Alemanha equivale a um terço do gasto no Brasil, esclareceu.

Além disso, Clemente defendeu que a economia estará cada vez mais integrada. Ante essa realidade, sugere que é preciso também investir mais em inovação tecnológica e na capacidade de circulação de mercadorias por meio de melhorias da infraestrutura, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.

 

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