O dólar rompeu um ciclo de dez quedas seguidas e avançou mais de 2% nesta segunda-feira, diante das expectativas da realização de um leilão de swap cambial invertido pelo Banco Central e das preocupações com o cenário político.
A divisa norte-americana terminou a sessão com alta de 2,17%, a R$ 2,210. Foi o maior avanço diário desde 19 de agosto, quando o dólar subiu 2,90%.
O operador de câmbio de um banco de varejo disse que muitas tesourarias aproveitaram a queda de mais de 5% do dólar nas últimas dez sessões para reduzir suas fortes posições vendidas por cautela.
Para a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, a alta do dólar já era esperada depois da notícia “da possibilidade de ter o swap cambial reverso mais freqüente”.
Na sexta-feira à noite, o BC informou que os leilões de swap cambial invertido não teriam mais periodicidade semanal, o que alimentou expectativas de uma retomada dessa operação logo nesta semana, após meses de interrupção.
“Num primeiro momento, se se confirmar o swap reverso, o dólar deve ir para cima um pouco ainda. Se fizer as compras e os leilões com maior frequência, o mercado deve subir e ir mais para perto dos R$ 2,25”, acrescentou a diretora, ponderando que, se não houver o leilão, o dólar volta a cair na quarta-feira.
Ainda segundo a nota do BC de sexta-feira, quando houver leilão de swap cambial reverso, o anúncio será feito na sessão anterior, depois do fechamento do mercado.
Tensão política
Outro fator que motivou o ajuste de posições das tesourarias foi a preocupação com o cenário político, em especial com o futuro do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, depois das críticas da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à política econômica.
Para o gerente de câmbio da corretora Liquidez, Francisco Carvalho, a conjunção dos fatores econômicos com a preocupação política em torno do Palocci alimentou a realização desta sessão.
“Para o Palocci, os nomes começam a ser estudados de quem poderia entrar no lugar dele. Vamos ter de aguardar o desenrolar depois do feriado”, afirmou o gerente.
Miriam Tavares, da AGK, destacou que o volume foi mais fraco nesta segunda-feira, especialmente devido ao feriado da Proclamação da República na terça-feira. Com isso, a alta do dólar acabou sendo mais expressiva.
Mesmo com poucos ingressos, o BC voltou a comprar dólares em leilão no mercado. Segundo operadores, a autoridade monetária aceitou apenas quatro propostas, com taxa de corte a R$ 2,2040, no 27º leilão de compra desde a retomada dessa operação em outubro.
“Talvez (o BC) tenha dado mais uma sinalizada de que vai atuar com frequência”, afirmou a diretora.