O dólar teve a maior alta percentual em mais de três meses ante o real nesta segunda-feira, ficando acima dos R$ 2 pela primeira vez em quase quatro semanas, acompanhando o nervosismo no cenário externo e o aumento da aversão a risco. A moeda americana avançou 2,48%, cotada a R$ 2,023 para venda, maior nível desde 25 de maio, quando terminou a R$ 2,025.É a mais forte alta do dólar desde 2 de março, sessão em que disparou 3,04%.
"Hoje o que a gente tem é uma pressão muito forte vindo das commodities e isso está fazendo o dólar subir aqui e lá fora", considerou Luis Piason, gerente de câmbio da Corretora Concórdia.
Piason disse que o cenário está favorável a correções nas bolsas de valores, o que, segundo ele, também estimula um ajuste no mercado de câmbio.
No momento de maior desvalorização do dólar ante o real este ano, a divisa americana chegou a cair 21,3%. Para Piason, é provável que o dólar devolva parte dessa perda no curto prazo.
"Na realidade, as bolsas não estavam com fôlego para seguir em frente. É uma mini bolha especulativa que está estourando e o câmbio (local) está acompanhando esse contexto", acrescentou.
O front acionário espelhava o receio dos investidores quanto a uma recuperação verdadeira da economia. Na Europa, os índices fecharam no menor patamar em cinco meses, pressionados pela fraqueza dos preços do petróleo. A commodity teve recuo de 3,8%.
Nos Estados Unidos, os índices operavam em forte baixa no momento em que os negócios no câmbio doméstico se encerraram. O nervosismo lá fora contaminava em cheio o mercado de ações brasileiro. O principal indicador acionário da bolsa paulista cedia 3% no final da tarde.
Esse pessimismo era corroborado por um relatório do Banco Mundial divulgado nesta segunda-feira, que piorou seu prognóstico para a performance da economia global neste ano, para contração de 2,9%, ante projeção anterior de queda de 1,7%.
Para o Brasil, a entidade estima uma contração de 1,1% neste ano, ante cenário anterior de crescimento de 0,5%.
"O cenário lá fora dá condições para que os investidores apresentem um pouco mais de cautela e isso vai refletir em menores investimentos em bolsas e ativos de emergentes", afirmou o gerente de câmbio de um banco nacional que preferiu não se identificar.
No acumulado até 17 deste mês, os estrangeiros já tiraram do mercado acionário brasileiro R$ 1,304 bilhão.
Frente a uma cesta com as principais divisas mundiais, o dólar subia 0,5% no final da tarde.
"A diminuição desse movimento ocorre em função do crescimento a aversão a risco que os mercados têm mostrado, pelo menos no curto prazo", completou.
No final da tarde, o Banco Central prosseguiu com os leilões de compra de dólares no mercado à vista. A taxa de corte da operação foi de R$ 2,0235.
Na roda de pronto da BMF Bovespa, segundo dados preliminares, o volume de dólar negociado no segmento à vista somava cerca de US$ 1,4 bilhão.