O dia foi de tranquilidade no mercado de câmbio na volta do feriado e o dólar encerrou em leve baixa de 0,21% nesta quinta-feira, a R$ 2,321.
Segundo analistas, como o noticiário político tem estado relativamente calmo nos últimos dias – mesmo com denúncias envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti -, há espaço para otimismo e para a apreciação do real.
“O mercado está bem calmo, calmo em política. A tendência ainda é de otimismo”, apontou Flávio Ogoshi, operador de derivativos do Rabobank.
Para o diretor de câmbio de um banco nacional, que preferiu não ser identificado, a baixa liquidez no mercado depois do feriado de Independência impediu que o dólar registrasse uma queda mais acentuada.
“Mas acho que o mercado deve testar os R$ 2,30 até para ver se o Banco Central entra comprando”, disse ele. “Hoje não teve muita força, mas amanhã ou segunda deve buscar, a não ser que saia alguma notícia negativa.”
O desempenho positivo dos títulos da dívida externa brasileira e o declínio do risco Brasil também contribuíram para a tranquilidade no câmbio. Nesta tarde, o risco-país, medido pelo banco JP Morgan, caía 11 pontos, para 387 pontos-básicos sobre os Treasuries.
Ogoshi, do Rabobank, ponderou que ainda existe cautela com o front político, já que existem incertezas quanto à possibilidade de surgirem novos fatos. Por isso, afirmou, muitas tesourarias têm evitado montar grandes posições.
Mostra disso foram os dados de fluxo cambial no mês de agosto divulgados nesta manhã pelo Banco Central. O fluxo ficou negativo no mês passado, em US$ 7 milhões, o que, em linhas gerais, significa que faltou um pouco de dólar no mercado.
Os bancos também reduziram suas posições vendidas em dólar em agosto para US$ 573 milhões, ante US$ 657 milhões.
Mas a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) interromper o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos depois da passagem do furacão Katrina reforça a expectativa de ingresso de recursos em países emergentes, como o Brasil, que possui juros elevados.