O dólar caiu pelo terceiro dia seguido nesta quinta-feira, com a continuidade do fluxo positivo em mais um dia de recuperação dos mercados globais após o solavanco da semana passada.
A moeda norte-americana fechou em queda de 0,28%, vendida a R$ 2,107. É o menor valor desde 26 de fevereiro, véspera do dia em que o tombo de quase 9% na Bolsa de Xangai assustou investidores que, também preocupados com o crescimento econômico dos Estados Unidos, dispararam uma série de ajustes ao redor do mundo.
“A entrada de recursos continua grande, não cessou por causa da crise da China”, explicou Daniel Szikszay, gerente de câmbio do banco Schahin. Ele disse que se houver um “amanhecer tranqüilo”, em referência aos mercados globais, “o dólar vem mesmo para baixo”.
O mercado brasileiro iniciou o dia com o avanço nas ações asiáticas e européias, que repetiram o bom desempenho da véspera. O bom humor repercutiu em Wall Street e na Bolsa de Valores de São Paulo <.BVSP>, que sustentou durante o dia alta de mais de 1,5%.
Sem a turbulência externa, resumiu Szikszay, o movimento do dólar segue o fundamento econômico. Sidnei Nehme, diretor de câmbio da corretora NGO, tem avaliação semelhante.
“Já há ambiente para a moeda americana retomar a sua tendência de depreciação”, afirmou, em relatório.
Para Nehme, a pressão negativa sobre a cotação da moeda pode ainda se acentuar com a “pequena” redução de 0,25 ponto percentual na taxa Selic. “Num ambiente de inflação fortemente cadente, (o juro) torna-se fator de forte estímulo à remontagem de operações e posições especulativas.”
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir a taxa Selic pela 14ª vez consecutiva, para 12,75% ao ano. Mesmo com a redução, o Brasil ainda tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo, competindo com outros países como Turquia e Israel.
No último relatório Focus divulgado pelo BC, analistas estimaram uma inflação de 3,88% em 2007, bem abaixo do centro da meta, de 4,5%.
Com o ambiente favorável à entrada de capitais, Nehme diz que pode continuar “a ampliação das posições vendidas por parte dos bancos”. Segundo o BC, os bancos aumentaram suas posições vendidas em dólar em fevereiro para US$ 6,05 bilhões, contra US$ 3,38 bilhões em janeiro.