O dólar comercial encerrou a quinta-feira com discreta valorização, pressionado por remessas de recursos ao exterior e pela atuação diária do Banco Central.
A divisa norte-americana fechou a R$ 2,169, com alta de 0,14%. Foi a sexta sessão consecutiva em que o dólar se manteve firme diante do real —uma das maiores seqüências de alta desde dezembro de 2005, quando a moeda subiu nove dias seguidos.
Segundo operadores, o movimento no câmbio foi baixo devido ao feriado nos Estados Unidos, pelo dia de Ação de Graças.
“Sem o mercado lá fora, aqui fica mais calmo… não tem muito motivo para subir ou para cair”, afirmou Flávio Ogoshi, operador de derivativos do Rabobank.
Pela manhã, o gerente de câmbio do banco Prosper, Jorge Knauer, mencionou saídas de recursos que fizeram a moeda norte-americana iniciar o pregão já com ligeira valorização.
“Outro parâmetro que o dólar está seguindo é uma maior inclinação de estrangeiros para a compra, principalmente nesses últimos pregões”, disse.
Mesmo com liquidez (oferta da moeda) mais fraca, o Banco Central entrou com leilão de compra de dólares no mercado à vista e aceitou duas propostas, com corte a R$ 2,1654.
A corretora de câmbio NGO destacou que a presença diária da autoridade monetária tem sido um dos motivos por trás da sustentação do dólar frente ao real.
“Não há ambiente para que se altere muito do eixo de R$ 2,16, um pouco abaixo, um pouco acima, com a presença equalizadora do BC diariamente com leilões de compra”, afirmou a corretora, em relatório.
“E, por outro lado, os agentes parecem ter agora a preocupação de consolidar os resultados obtidos ao longo do ano, reduzindo exposições e aguardando o que o governo definirá para o novo período, em metas e em pessoas”, completou.
Analistas têm afirmado que as dúvidas sobre as medidas econômicas do próximo mandato colocaram os investidores em posição de cautela.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que o governo busca ousadia nas propostas para o crescimento, mas com responsabilidade, e prevê uma renúncia fiscal de até R$ 12 bilhões com o pacote de desoneração tributária que a equipe econômica está preparando.