O dólar interrompeu uma sequência de quatro dias em queda e encerrou com leve alta nesta sexta-feira, impulsionado pela atuação do Banco Central, depois de ter caído abaixo de 2,10 reais mais cedo.
A divisa norte-americana encerrou a 2,106 reais, com avanço de 0,19 por cento. Na mínima da sessão, a moeda chegou a 2,086 reais, a menor cotação desde maio do ano passado.
No leilão de compra de dólares, o BC aceitou entre 10 e 12 propostas, segundo relato de operadores, com corte a 2,101 reais.
“Parece que o BC deu uma reagida, é claro que a gente não sabe o montante, mas como ele vinha aceitando uma proposta e comprando entre 300 milhões e 400 milhões de dólares, parece que comprou bastante hoje”, comentou o gerente de câmbio de um banco estrangeiro, que não quis ser identificado.
Embora o BC venha enxugando parte da liquidez do mercado com os leilões de compra de dólar –que fizeram as reservas superar 91 bilhões de dólares–, a operação tem apenas reduzido o ritmo de queda da moeda norte-americana.
“O cenário está muito positivo, os indicadores têm favorecido os mercados emergentes”, disse o gerente. “Daqui para frente (o mercado) vai trabalhar em função do fluxo e da atuação do BC, qual será o papel dele para manter esse dólar num nível que não venha a afetar os setores exportadores.”
Analistas afirmam que o BC teria que encontrar outras formas de conter o declínio do dólar, como por exemplo realizar leilões de swap cambial reverso –contrato que tem efeito de uma compra futura de dólares.
Para Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, com o mercado otimista, “o BC vai ter mais dificuldade mesmo comprando um pouco mais (de dólar)”.
“É um patamar que incomoda, volta a discussão de competitividade das exportações, o que o BC pode fazer além de comprar e a gente não vê muitas outras alternativas”, disse.
Os dados que mostraram criação de postos de trabalho nos EUA em janeiro abaixo do esperado reforçaram a visão de que o Federal Reserve não tem motivo para subir o juro, e que a maior economia mundial caminha para um “pouso suave”.
Com o cenário externo tranquilo, e juro inalterado por algum tempo nos EUA, o apetite dos investidores por ativos de países emergentes aumenta. Nesta tarde, o risco-país seguia perto das mínimas históricas, em 182 pontos-básicos sobre os Treasuries.
De acordo com Carlos Alberto Postigo, operador de câmbio da Action Corretora, os bancos têm atuado com força na ponta de venda do mercado. Mas ele acredita que o preço baixo do dólar deve atrair compradores, principalmente os importadores.