O dólar quebrou um ciclo de quatro altas ao terminar em baixa nesta terça-feira, refletindo melhora no cenário internacional e ingressos de recursos. Após avançar 2,40 por cento nas últimas quatro sessões, a divisa norte-americana caiu 0,32 por cento no dia, fechando a 2,168 reais.
“A tendência do dólar nunca mudou, é de baixa, o que a gente viu foi pontual, ligado lá fora nos índices (das bolsas), principalmente pelas commodities perdendo preço no mercado internacional”, explicou Marcos Forgione, gerente de câmbio da corretora Souza Barros.
Para o executivo, a queda generalizada das commodities refletiu uma redução na demanda, que gerou temores sobre crescimento mundial mais fraco.
“E o investidor, no menor sinal de crise, realiza (lucros) em países emergentes, sai do mercado acionário que é de risco”, completou o gerente, acrescentando que o ingresso contínuo de recursos no mercado brasileiro e a taxa de juros atrativa do país garantem tendência de baixa do dólar.
As bolsas de valores norte-americanas e européias, que perderam força na véspera, recuperaram-se neste pregão, assim como a Bolsa de Valores de São Paulo. O risco-país seguia estável, a 224 pontos-básicos sobre os Treasuries.
Mas os preços de petróleo e de outras matérias-primas seguiram em baixa. Um operador de câmbio de um banco nacional disse que o declínio ainda causa preocupação e não descarta uma nova alta do dólar.
Ainda no front interno, o Banco Central voltou a comprar dólares no câmbio à vista, mas aceitou apenas três propostas, com corte a 2,1726 reais.
Forgione acredita que a atuação constante do BC mostra que o fluxo de ingressos está firme. “Funciona até como um termômetro, mesmo subindo um pouco, se o pessoal continua entrando em leilão, o dólar está barato”, afirmou.
Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora, reforçou que as compras de dólares do BC servem para equilibrar o mercado, principalmente quando há excesso de oferta de moeda. “Ele está comprando a sobra, o excesso de liquidez”, enfatizou.