O dólar encerrou a terça-feira em baixa, refletindo ingressos de recursos e a notícia de reabertura de uma emissão de bônus com vencimento em 2025 pelo Tesouro Nacional. Na véspera do feriado pelo Dia da Independência, a divisa norte-americana caiu 0,51%, para R$ 2,326.
O Tesouro Nacional lançou nesta terça-feira US$ 1 bilhão em bônus com vencimento em 2025, de acordo com fontes do mercado. A operação foi liderada pelos bancos Morgan Stanley e Bear Stearns.
“A emissão foi a notícia positiva do dia e, tirando o risco político, o mercado fica bem tranquilo”, comentou Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora Liquidez. “A única coisa é que o volume não está ajudando, está bem baixo.”
Segundo o gerente, com a diminuição das preocupações políticas, os investidores passam a se concentrar nos indicadores da economia brasileira.
Dados divulgados nesta manhã mostraram que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,17% em agosto, abaixo do avanço de 0,25% em julho. O Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 0,79% no mês passado, a mais forte desde 1995.
“Acho até que o dólar deve testar os R$ 2,30 nesta semana”, acrescentou Carvalho.
O gerente de câmbio do banco Prósper, Jorge Knauer, acrescentou que a notícia da recompra dos C-Bonds remanescentes no mercado, anunciada na véspera, contribuiu para o otimismo no câmbio.
“Se não sair nenhuma notícia política negativa, o dólar deve seguir tranquilo até o fim da semana”, afirmou. “Mas é uma semana de baixo volume, teve o feriado ontem nos Estados Unidos e amanhã tem o feriado aqui.”
Para o economista-chefe do banco Fator, Vladimir Caramaschi, a captação da República reforça a expectativa de ingresso de recursos no país.
“Essa emissão, somada ao anúncio de que o governo vai exercer a opção de recompra do C-Bond, mostra que o governo está se mexendo para reduzir a volatilidade externa. A avaliação é positiva”, disse.
Nesta tarde, o risco Brasil, medido pelo banco JP Morgan, caía 8 pontos, para 399 pontos-básicos sobre os Treasuries.
Analistas ponderaram, no entanto, que a trajetória de declínio da moeda norte-americana traz expectativas de que o Tesouro ou o Banco Central possam entrar no mercado comprando dólares –o que poderia impedir uma queda mais acentuada.