O vice-presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Bellincanta, culpou a gestão anterior do governo estadual, sob o comando de Silval Barbosa (PMDB), como o principal culpado pelo fechamento de várias empresas deste setor no Estado. Em entrevista ao Só Notícias, ele enumerou alguns dos vários pontos que contribuíram com esta situação crítica. Um dos fatores que contribuiu para esta crise é a saída de bois vivos de Mato Grosso.
De acordo com ele, o governo anterior reduziu a alíquota para a venda de animais vivos para fora do Estado. Bellincanta disse que o governo local cobra 7% de impostos na venda de animais. Enquanto em Mato Grosso do Sul, são cobrados 12% sobre este mesmo tipo de transação. Ou seja, há uma proteção do governo vizinho em relação ao seu mercado. Para ele, é hora de corrigir esta distorção e valorizar as empresas locais. Atualmente, saem mensalmente uma média 44 mil animais vivos de Mato Grosso. Isso representa o volume abatido por três grandes frigoríficos com cerca de mil funcionários em cada um deles.
O empresário aponta que não se deve proibir a venda de animais vivos para fora do Estado, mas o governo pode inibir para fortalecer as empresas locais. Ele afirmou que o sindicato tentou procurar os secretários e governador da gestão passada, porém, nunca foram sequer ouvidos. “Nos últimos três ou quatro anos o governo não nos atendeu e esta crise no setor é reflexo deste descaso”.
Outro ponto da gestão anterior criticado por ele é o valor do ICMS recolhido por algumas empresas. Sem citar nomes, Bellincanta disse que há diferenciação de valores e o pagamento do imposto chega até a 2% a mais entre uma e outra empresa e é preciso corrigir esta discrepância para haver uma concorrência saudável.
Ele disse que o fechamento de empresas deste setor se dá única e exclusivamente pela falta de matéria-prima em Mato Grosso. Ninguém paralisaria uma atividade rentável, mas nos últimos anos a demanda ficou maior do que a oferta de animais. O número de animais abatidos caiu consideravelmente causando uma ociosidade nas indústrias. O Frialto (instalado em Sinop), da qual é diretor, estava operando com menos de 50% de sua capacidade.
Apesar do fechamento destas empresas, as que permanecem em atividade conseguiram suprir a necessidade do mercado. Segundo o empresário, há uma queda tanto no valor do boi quanto no preço final da carne disponibilizada para o consumidor. Porém, isso não tem qualquer relação com o fechamento destas empresas e sim com a queda no consumo do produto. Segundo ele, isso é um processo que tem relação com a crise nacional. “A redução do consumo traz a redução nos preços”.
O mercado internacional também não estaria tão atrativo para suprir a necessidade destas empresas. Ele afirmou que os principais compradores da carne brasileira também estão passando por dificuldades e o mercado interno é quem está regulando o valor do produto.
Apesar de todo este cenário ruim vivido neste momento, o sindicalista aponta que o atual governo não estaria medindo esforços e inciativas para buscar uma solução viável para conter a crise no setor. Paulo Bellincanta afirmou que os próprios membros deste governo procuraram o setor para estudar medidas necessárias visando restabelecer a economia.
Paulo elogiou a iniciativa da atual gestão, de Pedro Taques, que buscou esta proximidade com o empresariado preocupado principalmente com a questão do desemprego. A meta agora é buscar saídas para que esta situação seja revertida ou, no mínimo, amenizada com possível medidas que possam ser adotadas a partir de agora.
Sem contar que o governo também se comprometeu em colocar em prática uma promessa durante a campanha, que é a de buscar a isonomia fiscal. Ou seja, trabalhar em uma medida com uma tributação igual e justa para todas as empresas.