Desde que foi anunciada, na última terça-feira, a fusão entre a Sadia e a Perdigão em uma nova empresa, a Brasil Foods, a notícia movimenta o cenário nacional. Em Mato Grosso a Sadia tem três plantas (Campo Verde, Várzea Grande e Lucas do Rio Verde) e a Perdigão duas (Nova Mutum e Mirassol D”Oeste). Para o superintendente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, a notícia ainda é vista com um certo receio. “São dois grandes grupos com os quais nunca tivemos qualquer problema, tanto de pagamento quanto de relacionamento, mas isso mostra o nível de concentração de indústrias que está acontecendo no país”. Vacari ressaltou que a Associação estará atenta para não permitir que essa concentração prejudique o produtor. “Um dos efeitos mais danosos é a monopolização de preços já que a concorrência deixa de existir. O papel da Acrimat é acompanhar e denunciar caso haja prejuízos ao produtor. A empresa é bem vinda desde que participe do mercado de forma transparente”.
Com 1.800 funcionários, a unidade da Perdigão de Nova Mutum disponibilizou 100 vagas para auxiliar de produção industrial. Dos 96 inscritos, em três dias de seleção, apenas 23 haviam sido escolhidos até ontem. A técnica responsável pela seleção, Vanderli Muller, explica que a alta rotatividade e a escassez de mão-de-obra obrigam a empresa a buscar trabalhadores nas cidades vizinhas aos frigoríficos de Nova Mutum e Mirassol D”Oeste e agora, pela primeira vez, em Cuiabá. “Lá não tem gente suficiente para atender a demanda”.
Cade – O julgamento da união das empresas Sadia e Perdigão na Brasil Foods levará mais tempo do que a média atual deste tipo de análise. A estimativa foi feita pelo presidente do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Arthur Badin, após reunir-se com os representantes das duas companhias na sede do órgão, em Brasília. Participaram do encontro os presidentes dos conselhos da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e da Perdigão, Nildemar Secches. Badin prefere não fazer estimativa a respeito do tempo necessário para o anúncio de uma decisão.
Concorrência – De olho nesta provável concentração de mercado que surgirá com a Brasil Foods outras indústrias investem em lançamentos. A Marfrig, diversificou seu portfólio de produtos com 12 diferentes linhas. São lançamentos em várias categorias diferentes, desde produtos industrializados até in natura.
No Brasil o grupo Marfrig conta com nove unidades de abates de bovinos, 12 plantas de produtos industrializados e processados, uma unidade de abate de cordeiros, duas de abate de suínos, sete de abate de frangos. Em Mato Grosso há plantas em Tangará da Serra e Paranatinga que geram aproximadamente 3.100 empregos diretos.
MT – A Sadia gera 7.500 empregos diretos e a Perdigão tem cerca de três mil funcionários em suas unidades no Estado.