Depois de duas décadas com abertura de poucos postos de trabalho, a situação começa a se inverter. Quem afirma é o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann. Ele disse que o crescimento econômico do país aumentou o número de empregos com carteira assinada, que em geral é o emprego que melhor remunera e protege o trabalhador.
Para Pochmann, com o crescimento de alguns setores, por causa do investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a tendência é existir mais procura por trabalhadores qualificados, e por consequência um salário melhor. “Isso certamente vai implicar em escassez de mão-de-obra e falta de trabalhadores de determinadas profissões”, alerta.
O presidente do Ipea defende que é necessário criar empregos para pessoas com grau de escolaridade mais baixo. Os setores da construção civil e de infra-estrutura, que recebem recursos PAC, foram destacados pelo presidente do Ipea como geradores de emprego.
“Certamente são postos que absorvem pessoas de menos escolaridade. Com [mais] investimentos também precisam de pessoas mais qualificadas. Estamos conseguindo compor uma expansão da economia que abre perspectiva de incorporar todos os níveis de escolaridade [ao mercado de trabalho]”.
A procura por profissionais, segundo Pochmann, vai depender do perfil da expansão da economia brasileira. Ele disse que se a expansão for em setores mais intensivos, como tecnologia, mais trabalhadores qualificados serão procurado. “Mas se ficarmos contaminados com atividades mais simplificadas e voltadas para exportação com menor valor agregado, não necessariamente o mercado vai procurar trabalhadores qualificados”, disse.
Pochmann disse que o Brasil está “carente” de um sistema nacional de informação que integre todas as escolas formadoras de trabalhadores. “É um item necessário para mais trabalhadores em formação com condições para ter acesso ao mercado de trabalho”, defende.