O financiamento da Caixa Econômica Federal ao setor habitacional cresceu 40,48% em volume de recursos entre janeiro e setembro de 2009 em comparação com o mesmo período de 2008. Enquanto nos nove meses do ano passado foram desembolsados R$ 232 milhões, de janeiro a setembro deste ano o desembolso já chegou a R$ 326 milhões. Os recursos são provenientes tanto do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) quanto do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Em número de contratos de janeiro a setembro/08 foram financiadas 5,744 unidades no Estado. No mesmo período deste ano já foram 6,336 unidades, um crescimento de 10,31% considerado fora do normal. "Além da grande oferta de imóveis proporcionada por um boom da construção civil no estado há outros fatores responsáveis por este aumento como as taxas de juros reduzidas para clientes com quem a instituição financeira tem pacotes de relacionamento e os prazos mais longos", observou Fátima Regina Casteli Pinheiro, gerente regional da CEF em Mato Grosso.
Segundo ela, estes números ainda não têm reflexos do programa habitacional do governo federal Minha Casa Minha Vida porque a iniciativa é recente (foi lançada em abril deste ano) e os imóveis começaram a ser construídos há pouco tempo (com habite-se datado de 23 de março). "A grande maioria tem um prazo de até 12 meses para construção por isso não reflete neste balanço mas certamente estas construções deverão contribuir para um crescimento ainda maior no primeiro trimestre de 2010 quando começarão a ser assinados os projetos. Já há 12 em análise em Mato Grosso".
De acordo com a gerente regional da CEF o crescimento no número de desembolsos pode ser creditado ao aumento da classe média brasileira. Segundo um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população economicamente ativa da classe C cresceu 2,5% entre julho de 2008 e julho de 2009. A classe C, composta por pessoas com renda domiciliar de R$ 1.115,00 a R$ R$ 4.807,00, já representa hoje 53,20% do total da população do Brasil.
Para Fátima Pinheiro este crescimento criou um nicho de mercado que as construtoras começaram a enxergar e a aproveitar com o lançamento de inúmeros empreendimentos imobiliários. "As pessoas estão comprando mais imóveis e há muita oferta das empresas, principalmente de imóveis com valores de até R$ 100 mil".
Recorde nacional – Segundo a assessoria de imprensa os números de setembro ainda não estão fechados mas a Caixa Econômica Federal deve repetir o recorde histórico de contratação habitacional registrado em agosto e que superou todo o volume emprestado em 2008. Foram mais de R$ 23,2 bilhões nos oito primeiros meses do ano ante os R$ 23 bilhões realizados durante todo o ano de 2008. Os recursos beneficiaram 455.156 famílias de todo o país. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 88% (R$ 12,3 bilhões).
Em agosto os financiamentos que utilizam recursos do FGTS somaram R$ 10,1 bilhões, o que corresponde a 166.713 contratos. Já com recursos do SBPE, os empréstimos alcançaram a marca de R$ 12 bilhões em 268.635 contratos. "No começo desse ano, a média de contratação era de R$ 93 milhões por dia útil, o que representava 2.096 contratos. Em agosto, chegamos a R$ 223 milhões ao dia, com 3.289 contratos", destacou o vice-presidente de Governo do banco, Jorge Hereda. Até o fim deste ano, a Caixa espera emprestar mais de R$ 39 bi, superando as expectativas do setor no início do ano.