A safra 2007/08 de algodão deve ter um aumento de área em Mato Grosso, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de cerca de 7%, superando os 579 mil hectares e, o mesmo percentual de variação em relação a safra passada na produção de 2,148 milhões de toneladas, na estimativa mais otimista.
A Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa) espera não mais do 5% de incremento. Números que, por enquanto, são apenas expectativas. Atualmente, o que há de mais concreto na cotonicultura mato-grossense para a próxima safra é que a produção será certificada por meio do ‘selo de conformidade social’. O processo de certificação será realizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O acordo para a auditoria da ABNT foi firmado com o Instituto Algodão Social (IAS), no início deste mês, em São Paulo.
Os produtores e o IAS investiram mais de R$ 18 milhões para se adequar às normas do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Cabe ao instituto viabilizar estrutura gerencial e de campo com equipes constituídas por técnicos em recursos humanos e segurança do trabalho para a execução de todo o processo
Como maior produtor de algodão do país – o Estado responde por 52% da produção nacional – a cotonicultura também gera cerca de 55 mil empregos diretos e 110 mil indiretos só em território mato-grossense. O selo de conformidade social, um mecanismo pioneiro de certificação na agricultura brasileira, vai informar a origem do produto cultivado por empreendedores rurais de Mato Grosso, bem como o respeito aos direitos dos trabalhadores no campo. O selo atesta ainda que a produção é desenvolvida sem utilização de trabalho forçado, indigno, degradante ou mão-de-obra infantil.
Para o diretor executivo do IAS, Félix Balaniuc, a parceria com a ABNT consolida o processo de certificação do trabalho. “Vamos seguir as normas da ABNT obedecendo a princípios de vistoria, de contagem e de certificação”, afirmou. Balaniuc acredita que o aval da ABNT vai acima de tudo contribuir para o reconhecimento do algodão mato-grossense, dentro e fora do Brasil. “O algodão de Mato Grosso vai ser exemplo nacional no agronegócio”, garantiu, Ele diz que a expectativa é que esta iniciativa do IAS se estenda a outros estados que também são grandes produtores, como a Bahia, Minas Gerais e Goiás.
Com parte do processo de certificação, o IAS,entidade criada em 2005, já orientou os produtores de algodão, conscientizou e treinou os trabalhadores do setor considerando as leis trabalhistas brasileiras, de manuseio de agrotóxicos e de uso de equipamentos de proteção, entre outras práticas destinadas ao meio rural. O terceiro passo foi a assinatura do acordo com a ABNT e o apoio de entidades representantes da indústria têxtil.
O início do plantio, na prática, representa a largada na corrida dos cotonicultores para assegurar a qualidade sócio-econômica e ambiental da produção e a conseqüente ampliação do mercado internacional, sem restrições.