Num ano de baixo crescimento econômico, com rumores de confisco da poupança, tornar-se associado de uma cooperativa de crédito surge como uma alternativa de segurança financeira. Uma oportunidade para profissionais e empresas reduzirem os “laços” com os bancos tradicionais, garantem especialistas e membros destas instituições. “O ano de 2015 é de dificuldade. Tem indicadores ‘trabalhando’ contra o crescimento do país. Também é uma grande oportunidade das cooperativas se mostrarem como uma terceira via forte, bem fiscalizada pelo Banco Central (BC), que está evoluindo com normas e exigências que dão segurança aos associados”, pontua o consultor financeiro João Paulo Fortunato.
O diferencial competitivo, segundo Fortunato, começa com alguns benefícios tributários garantidos às cooperativas em razão dos sócios serem proprietários e não clientes da instituição. O depósito compulsório, por exemplo, também está fora das obrigações previstas pelo BC para as cooperativas, o que evita o custo do dinheiro parado. Outra isenção é de pagamento de IOF anual. Este imposto é cobrado apenas na liberação de crédito. “No seu estatuto social a cooperativa não tem como objetivo o lucro. O primeiro objetivo é a prestação de serviço. A pessoa é sócia, participa das decisões e dos resultados da instituição. Tem produtos específicos e taxas competitivas comparadas com os bancos tradicionais”. O especialista afirma que o resultado disso é o aumento, nos últimos 4 anos, de 1,8% para 2,5% na participação das cooperativas no PIB financeiro movimentado nos bancos.
Citando o exemplo da Cooperativa de Crédito dos Médicos, Profissionais da Saúde e Empresários de Mato Grosso (Unicred), com aproximadamente 9,8 mil cooperados, a instituição alcançou, em dezembro de 2014, o montante de R$ 532 milhões de Ativo Total, representando 19,8% de crescimento, comparado ao mesmo mês do ano anterior. Nos últimos 4 anos, o volume de recursos da cooperativa cresceu 97%, considerando que, em dezembro de 2010, mantinha R$ 270 milhões em Ativos Totais. Fundada há 24 anos, com sede em Cuiabá, os depósitos totais da Unicred chegaram a R$ 329 milhões no ano passado, uma expansão de 92% nos últimos 4 anos.
Já as sobras da Cooperativa, que seriam o equivalente aos lucros dos bancos tradicionais, registraram o valor de R$ 23,8 milhões em 2014. Esse resultado (sobras) e distribuído, anualmente, aos cooperados conforme as suas movimentações financeiras com a Unicred, já que são os efetivos donos da instituição. O valor das sobras acumuladas entre os anos de 2011 e 2014 ultrapassou os R$ 80 milhões. A divisão de lucros aparece como uma das vantagens, mas não é única. O presidente do Unicred, Gilberto Rodrigue Pinto, lembra que, apesar da instituição estar aberta para empresários de todos os segmentos, o ‘DNA’ da cooperativa ainda é o setor da saúde. “Claro que por ser uma cooperativa com foco principal na saúde aquelas coisas que envolvem o segmento tendem a influenciar nos resultados. A gente acaba sentindo um pouco essa variação em determinados momentos como quando há atraso de pagamento do Estado. Conhecemos os problemas e sabemos até em que meses do ano vão acontecer. O ano passado, por exemplo, foi crítico. A gente consegue suprir essa demanda e ajuda a minimizar o risco da saúde. A Cooperativa sempre esteve presente, facilitando os créditos”.
Cooperado há 11 anos da instituição, o odontólogo Andrey Teixeira, especialista em implantodontia e prótese, contratou empréstimos para compra do apartamento da família e também para aquisição de equipamentos para um novo consultório. Para ele, além das taxas atrativas e da segurança para fazer investimentos, o grande diferencial da cooperativa é o tratamento dado ao cooperado. “O interessante é a facilidade e o contato com os profissionais e os gerente dos bancos. O canal é direto com o presidente para sugestões e reclamações. A cooperativa em si abre um leque grande com relação aos produtos. Tem solidez. É uma instituição séria. Se não fosse, não teria ampliado esse leque para todos esses profissionais e empresas”.