O fim da cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) poderá diminuir os preços aos consumidores em setores como confecções e bens de consumo popular, além de alguns segmentos da área de alimentos.
A avaliação é do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. Segundo ele, os índices de redução vão depender da característica de cada cadeia produtiva.
“Em setores onde as vendas estão mais aquecidas por circunstâncias relacionadas ao momento da economia, é possível que a possibilidade de reduzir preços seja mais difícil. Mas há outros setores onde há uma concorrência maior em que eu acho que deve haver uma redução de preços”.
Na avaliação dele, o fim do imposto vai gerar um “efeito saudável” para a população. Ele alerta que os consumidores devem ficar atentos para que o fim da CPMF seja repassado ao produto final.
“É importante que as empresas tenham a sensibilidade para devolver ao consumidor uma parte desses benefícios, já que estavam no custo das empresas. Agora que elas passam a não pagar a CPMF, é evidente que isso deverá ter um reflexo no custo dos produtos”.
Para Monteiro, a rejeição da continuidade da CPMF pelo Senado Federal será positiva para o país, mesmo que possa causar algum impacto imediato na economia.
“Para se ajustar, o governo terá que promover algum corte de gasto no curto prazo. Depois disso, aposto que o Brasil vai continuar crescendo. E aí, de forma saudável, essa receita que o governo perdeu será compensada pelo aumento da arrecadação proveniente de um maior crescimento econômico”.
Monteiro acrescentou que o fim do imposto pode dificultar a ampliação da desoneração de máquinas e equipamentos, prevista para a segunda fase da política industrial do governo.
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que o programa teria que passar por uma revisão para se ajustar à nova realidade, sem CPMF.
“Mas sou otimista, acho que o governo terá que, de qualquer forma, desonerar os investimentos, porque isso é algo que interessa ao país. O Brasil não pode tributar aqueles que investem, não é isso que o mundo inteiro faz”.