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Construção civil sente os primeiros efeitos da crise

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O setor da construção civil, que hoje emprega cerca de 2,2 milhões de trabalhadores no país, começou a demonstrar desaquecimento no mês de outubro, diante da crise internacional. Dados dos sindicatos patronais e de empregados mostram aumento nas demissões e contenção nos lançamentos de projetos novos.

O Sindicato da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo reduziu sua expectativa de crescimento do setor, que era de 25% a 30% em 2008, para cerca de 15%. O sindicato patronal detectou ainda um decréscimo de cerca de 15% no número de interessados em comprar imóveis novos nos plantões de lançamentos. Para 2009, a estimativa é de pequeno crescimento do setor.

“O que impactou é que alguns bancos acabaram elevando a taxa de juros do crédito imobiliário. Isso evidentemente atrapalha. Entendo que isso pode ser um fator mais pernicioso do que os efeitos da crise em si”, disse, em entrevista a Agência Brasil, o vice-presidente do Sindicato da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), Flávio Prando.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo já registra efeitos negativos da crise internacional e da diminuição de crédito no setor. Pesquisa monitorada pela Fundação Getulio Vargas indica que cerca de cem mil postos de trabalho da construção civil serão fechados até o final do ano. Em 2009, o setor deve deixar de contratar cerca de 175 mil empregados diante do quadro de crise.

“Para se ter idéia, a quantidade de homologações [de demissões] era de 40 por dia no sindicato. Hoje, está em 150. Isso começou no final de outubro para cá. Havia 15 mil vagas abertas em setembro e não havia gente para colocar. Tanto é que em setembro nós empregamos 4.700 pessoas por aqui. Já em outubro e novembro há apenas 460 pedidos de contratação e para setores muito especializados”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), Antonio de Sousa Ramalho. De acordo com ele, os cortes no setor, até o momento, atingiram os profissionais mais qualificadas, como engenheiros, projetistas e mestres de obra.

Para o consumidor final, o momento turbulento pode ser apropriado para a compra de um imóvel novo. “O preço deve cair, já está caindo. Acho que quem está interessado em comprar imóvel deve fazer uma reflexão, dar uma seguradinha. E ver se não tem nenhum ajuste nos financiamentos, principalmente nos juros”, diz Ramalho.

Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Paulo Simão, é muito difícil, na atual conjuntura, fazer um prognóstico sobre os preços. “Seguramente não haverá aumento, porque já vai haver uma queda da produção e é bem provável que haja uma estabilização de preços. Eu não acredito em queda de preços no momento. No futuro, dependendo da evolução dessa crise, vai depender muito da oferta e da procura”, pondera.

O vice-presidente do SindusCon-SP discorda que o preços dos imóveis possa diminuir. Para ele, até um acréscimo é esperado. “Acho que os preços se mantêm ou, a rigor, podem até subir um pouco mais adiante, porque houve um acréscimo de custos durante este ano, que ainda não tinha sido repassado suficientemente para os preços finais”, disse.

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