A conclusão da BR-163 que liga Cuiabá a Santarém (PA) pode representar uma economia de R$ 1,4 bilhão por ano. O término das obras está previsto para o fim de 2013 e quando forem finalizadas poderão reduzir os gastos com transporte para o escoamento de grãos, principalmente em Mato Grosso. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a conclusão dos pouco mais de 400 km que ain- da faltam entre Novo Progresso e Santarém (ambas no Pará) facilitaria a vida dos produtores do Estado, diminuindo os custos com o frete e fomentando a economia nas regiões produtoras.
Essa nova possibilidade para escoar os grãos também diminuiria as filas nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) e também no terminal rodoviário em Alto Araguaia (415 km de Cuiabá). O motivo para a redução das filas é que a produção de Mato Grosso destinada à exportação seria levada ao porto de Santarém pela BR-163, reduzindo as distâncias e os custos para os produtores.
Para se ter uma ideia, além de diminuir as distâncias terrestres a saída pelo porto no Norte do país reduz em até 5 dias o tempo das viagens dos navios que levam os grãos para os Estados Unidos e a China. Essa economia de tempo e dinheiro mudaria a vida do produtor rural Clairton Pavlack, 36 anos, que mora em Nova Mutum (250 km da Capital), que tem esperança de ver a BR-163 finalmente terminada. Apenas para escoar sua produção de soja e milho ele percorreria 500 quilômetros a menos, além de não precisar enfrentar filas para descarregar os caminhões, o que também encarece o frete. Ele afirma que o sonho dos produtores da região é ver o término das obras, que também favoreceria a cidade, já que facilitaria a chegada de outros produtos.
Clairton já tem as contas aproximadas de quanto vai ganhar a mais por saca de soja por safra com o escoamento por Santarém, cerca de R$ 2, o que significa para ele R$ 120 mil a cada safra de soja. Outro produtor que já pensa nos lucros com a conclusão da rodovia é Laércio Lenz, 48, de Sorriso (a 420 km de Cuiabá). Ele que também é presidente do Sindicato Rural da cidade afirma que a rodovia é fundamental para o desenvolvimento da região. O produtor rural aguarda a chegada do asfalto até Santarém há mais de 10 anos.
Laércio conhece uma parte da história que já dura 30 anos. A BR-163 começou a ser construída em 1973 e dela dependem populações urbanas e rurais e mais de 30 povos indígenas que são diretamente afetados pela construção da rodovia. Além dos benefícios para os produtores, a pavimentação da rodovia é a possibilidade de mais dinheiro nas economia das cidades, que auxiliará na solução de problemas como a falta de emprego e na infraestrutura dos municípios. Dessa forma produtos como motos e eletroeletrônicos produzidos na Zona Franca de Manaus seriam transportadas para o Centro-Oeste e o Sul a partir de Santarém. Mas como várias obras federais nem tudo caminha tão bem. Um dos trechos entregues pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), entre Guarantã do Norte e a divisa com o Pará já apresenta buracos.