A isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros populares, em vigor desde dezembro do ano passado e com prazo para terminar no dia 31, continua despertando opiniões divergentes. Enquanto as concessionárias comemoram a alta nas vendas as garagens não vêem a hora de ter seu produto valorizado novamente. A medida não só desvalorizou os produtos no mercado como dificultou a aceitação do usado como entrada na compra de um novo.
Para o diretor social da Associação de Revendedores de Veículos de Mato Grosso (Agenciauto), Ricardo Laub, a isenção do imposto é uma das causas para um momento ruim no setor. “Quando a medida chegou houve um aumento na venda dos carros zero quilômetro mas as garagens já vinham tendo outros problemas”. Mas Laub é otimista e vê uma ligeira recuperação do mercado. “Nos últimos meses viemos nos adequando à crise. É um setor que está sujeito às condições da economia e onde consumo e preço alteram conforme a oferta e a demanda”.
Com o fim da redução do IPI ele acredita que haverá uma retomada natural. “Está chegando o momento em que o preço do carro usado em relação ao novo vai ganhar uma boa distância e o comércio voltará a ser viável”. A Agenciauto reúne 230 associados em todo o Estado.
Se os revendedores de usados antecipam a comemoração os representantes das lojas que vendem zero e seminovos esperam que a medida seja prorrogada. Para o diretor regional da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Paulo Cezar Boscolo, houve um incremento nas vendas de 3% a 7% desde dezembro. “Muita demanda reprimida no período inicial da crise acabou se transformando em negócios”. Para ele a medida deveria permanecer por mais tempo até que a economia desse sinais mais claros de recuperação.
A medida tem o objetivo de preservar empregos e estimular a economia no setor com uma alta nas vendas. Os carros de até 1 mil cilindradas, que pagavam alíquota de 7% de IPI, ficaram isentos do tributo neste período. Para os carros de 1.001 a 2000 cilindradas, a taxa caiu dos atuais 13% para 6,5% (gasolina) e de 11% para 5,5% (álcool e flex); de 2 mil cilindradas em diante ficaram mantidas as alíquotas de 25% (gasolina) e de 18% (álcool e flex). No caso das picapes até 1.000 cilindradas, consideradas veículos leves, a queda foi de 8% para 1%.