A indústria brasileira deve fechar o ano com redução das atividades, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, deverá ficar em torno de zero em 2009. As projeções são da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a entidade revisará para baixo as estimativas para o desempenho da indústria e do PIB. Os novos números serão apresentados até o final do mês.
De acordo com Castelo Branco, o agravamento da crise econômica internacional tornou ultrapassadas as previsões apresentadas em dezembro. Na ocasião, a CNI tinha projetado crescimento entre 1,8% e 2,4% para o PIB e de 1,8% para a indústria em 2009.
Castelo Branco não adiantou números, mas afirmou que o PIB deverá ficar próximo de zero. “O PIB certamente será revisado para baixo e deverá fechar 2009 próximo de zero, o que pode ser considerado um cenário otimista, se levarmos em conta o agravamento da crise mundial e o desempenho do PIB nos dois últimos trimestres”, disse o economista.
Em relação à indústria, ele disse que o setor deverá encerrar o ano com resultado negativo. “Como a indústria precisaria de uma recuperação intensa nos próximos meses para retornar aos níveis do ano passado, existe uma probabilidade elevada de a indústria fechar 2009 com recuo”, ressaltou Castelo Branco.
Conforme a CNI, o faturamento da indústria recuou para os níveis de 2006. Para voltar à média registrada no ano passado, a entidade calcula que o setor precisaria crescer 12% até dezembro.
De acordo com os indicadores divulgados hoje (9) pela confederação, o faturamento real da indústria, já descontada a inflação, caiu 13,4% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado. Essa foi a maior queda registrada desde o início da série história da entidade, em 2003. Somente na comparação com dezembro, a retração foi de 4,3%, já excluída as oscilações típicas de início do ano no setor.
O uso da capacidade instalada caiu para 78,4% em janeiro, retornando aos níveis de novembro de 2003. Somente em relação a dezembro, a queda foi de um ponto percentual. Em janeiro do ano passado, o indicador estava em 81,5%.
Para o economista da CNI Marcelo de Ávila, a quarta queda mensal consecutiva no uso da capacidade instalada significa que os temores de alta na inflação provocada por pressões sobre a indústria não existem mais. “Os dados mostram que a preocupação com um choque de oferta é coisa do passado”, avaliou.
Até meados do ano passado, o governo mostrava receio de que a produção industrial não conseguisse dar conta do crescimento econômico, o que poderia acarretar alta generalizada nos preços.
Segundo Castelo Branco, os números da indústria indicam que o Banco Central tem espaço para acelerar a queda nos juros. “O risco de queda na economia hoje é bem maior que o de aumento na inflação”, declarou. Na quarta-feira (11), o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidirá a nova taxa básica de juros.