A proporção de empresas cuja capacidade produtiva está aquém da demanda prevista para o ano seguinte cresceu em 2007 e atingiu 20%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas a maioria das empresas do setor espera elevar ou pelo menos manter o ritmo de investimentos no próximo ano.
Pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela entidade mostrou que 42% das empresas esperam aumentar a compra de máquinas e equipamentos no próximo ano em relação a 2007 e 45% planejam manter o mesmo ritmo. Os demais 13% prevêem redução desses investimentos.
Para Flávio Castelo Branco, economista-chefe da CNI, os dados afastam preocupações de que uma elevada utilização da capacidade instalada na indústria possa gerar pressões inflacionárias.
“Precisamos desmistificar essa questão. A inadequação da capacidade produtiva é o que leva a empresa a investir. O que é ruim para o investimento é quando a capacidade está bem adequada”, afirmou Castelo Branco a jornalistas.
Ele também ponderou que o descasamento entre produção e demanda ocorre principalmente nas pequenas empresas, onde 22% relataram a questão. Entre as grandes empresas, esse percentual cai para 14%.
“O fato de as pequenas empresas apresentarem maior necessidade de ampliar a capacidade instalada em 2008 está associado, em boa medida, ao fato dessas pequenas empresas terem investido relativamente menos do que as grandes empresas em 2007”, acrescentou a CNI em nota.
Os setores com maiores registros de inadequação do parque fabril foram álcool, máquinas e equipamentos, outros equipamentos de transporte (exclui veículos) e minerais não-metálicos.
Em todos esses setores, com exceção do álcool, a proporção de empresas que pretende elevar seus investimentos no próximo ano é maior do que a que pretende reduzi-la.
Em 2006, o percentual de industriais que consideravam a capacidade de produção inferior à demanda era de 16% e, em 2005, de 17%.
Investimento com recurso próprio
Neste ano, 86% das empresas ouvidas pela CNI planejavam investir e, do total dos projetos previstos, 85% foram realizados total ou parcialmente.
Das empresas que investiram em 2007, 71% responderam que o fizeram utilizando recursos próprios e apenas 25% disseram ter recorrido a empréstimos bancários.
Para Castelo Branco, o que surpreende é que esse dado sofreu pouca alteração em relação a 2001, apesar da queda dos juros. Na ocasião, 70% das empresas afirmaram que fariam investimentos com recursos próprios.
“Isso é uma disfunção da economia brasileira”, afirmou o economista. Ele afirmou que, além do custo financeiro elevado, as empresas também reclamam de entraves burocráticos para ter acesso a crédito.
A CNI ouviu 1.655 empresas entre 27 de setembro e 8 de novembro