A retirada dos produtos florestais em Mato Grosso para os principais centros consumidores fica mais difícil a cada dia. Com os índices pluviométricos acima da média para o período, vários municípios voltam a ficar isolados nessa época do ano. Faltam pontes e sobram buracos e atoleiros em estradas sem pavimentação ou conservação. Com as dificuldades de tráfego, os empresários do setor de base florestal pagam mais caro pelo transporte das cargas, até 36% mais caro em relação aos valores registrados em dezembro.
Em menos de dois meses, o reajuste no frete já chega a 10%, calcula o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Médio Norte no Estado de Mato Grosso (Sindinorte), Claudinei Melo de Freitas. Para retirar os produtos de Nova Maringá, a 305 quilômetros de Cuiabá, o custo atual do frete atinge R$ 220 a tonelada até o polo consumidor de São José do Rio Preto (São Paulo). Em dezembro de 2013, o valor cobrado se aproximava de R$ 200.
A situação mobilizou o sindicato a requerer do governo do Estado um desconto de 10% no preço referência (pauta) dos produtos madeireiros da região, explica Freitas. “Não temos mais como retirar nossos produtos desde a semana passada, porque neste ano as chuvas aumentaram muito, não há condição de transporte e falta caminhão”.
Na região de Juína, o problema se agrava, relata o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras e Moveleiras do Noroeste de Mato Grosso (Simno), Roberto Rios. Na tarde de terça-feira (25.02), a ponte sobre o Rio Canamã, a 60 quilômetros do município de Colniza, a 1.041 mil quilômetros de Cuiabá, foi carregada pelas águas, dois segundos após a travessia de um ônibus com passageiros. No domingo (23.02), um bueiro desabou próximo ao Rio Vermelho, entre os municípios de Juruena e Castanheira, na BR 174. De acordo com o executivo do Simno, Valdinei Bento, a situação atual elevará ainda mais o custo do frete, já que para escoar os produtos será preciso realizar um percurso mais longo. “O problema é que não sabemos também qual é a situação de alguns desvios”.
Hoje o custo do frete de Colniza até Paranaguá (Paraná) alcança R$ 405 a tonelada transportada, sendo 6,57% acima do valor cobrado em dezembro de 2013. Para o trajeto originado em Colniza até Itajaí (Santa Catarina) o preço sobe para R$ 425, numa alta de 3,65% sobre os R$ 410 contabilizados no final de 2013. Para atender o mercado interno, os custos são ainda maiores: de Colniza para o Espírito Santo, por exemplo, estão 36% maiores e saltaram de R$ 360 para R$ 490 a tonelada transportada nos últimos dois meses.