Muitos produtores participaram ontem de uma palestra que discutiu a viabilidade de implantação de uma usina de álcool em Sinop. Com condições climáticas e solo favorável à produção da cana, Sinop é considerada uma cidade com todo o potencial para a produção do álcool, forte alternativa para alavancar a economia do município. Mas a não conclusão da pavimentação da BR-163 até o porto de Santarém, no Pará, pode ser um entrave para a produção.
Nos próximos dias, o prefeito Nilson Leitão deve se reunir com o governado do Estado do Pará, Simão Jatene, e com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir a pavimentação. “As grandes indústrias ainda colocam um empecilho chamado BR-163, que é um assunto que já estamos tratando. Vamos convidar todos os prefeitos da região e do Estado do Pará para buscarmos novas soluções”, enfatizou Leitão.
O vice-prefeito de Sinop, Aparecido Granja, destacou que o álcool é um produto de alto consumo, mas existe a necessidade ter um canal de exportação que reduza os custos. “O álcool é uma questão de logística, é um produto de alto consumo, mas nós temos que ter o consumo próprio, ou um canal de exportação. E nós estamos no eixo da BR-163, mas temos que transformamos ela para que tenha boa trafegabilidade para escoar a nossa produção”, enfatizou.
Granja explicou que a produção de cana é de fácil trato, incentivando a produção com a criação de uma usina. “É muito mais fácil do que soja, arroz, porque ela tem corte. Você planta ela no primeiro ano, e por cinco anos você vai fazendo o corte até precisar fazer novos plantios, ou seja, você planta hoje e tem programação de replantio futuro de cinco anos”, salientou.
“Nós estamos empenhados em poder prospectar novas alternativas para Sinop, justamente para termos uma diversificação da economia. E esse é um horizonte muito amplo, com toda a energia renovável. O álcool é a ‘bola da vez’, haja visto a demanda mundial do produto, e nós estamos perfeitamente capacitados para isso”, acrescentou.
A palestra foi ministrada pelo engenheiro de vendas das indústrias Dedini, Ricardo Buso. A Dedini é hoje a maior indústria de Bens de Capital do país que fornece equipamentos para usinas. Em entrevista ao Só Notícias ele destacou as vantagens de implantação de uma usina em Sinop, já que a cana tem uma adaptação muito grande e se adapta com muita tranqüilidade em locais que se tem plantação de soja ou milho.
“Fizemos uma série de análises em regiões Centro-Sul, e todas as nossas avaliações têm apontado que esse é um investimento extremamente viável. Os custos são um tanto elevados já que se trata de uma indústria de processamento, e isso demanda investimentos que são financiáveis. Mas hoje o governo tem linhas de financiamento específicas para isso, o que é necessário são investidores que possuam garantias reais e que tenham interesse de entrar no setor”, enfatizou.
Buso também ressaltou que Sinop tem uma posição estratégica, com a possibilidade de escoamento para Santarém. “Isso abre uma linha de exportação incrível. O álcool vai ter uma demanda internacional muito forte nos próximos anos, além do mercado interno, que é extremamente favorável, em função dos motores flexíveis, que abriu uma frente de comercialização”, disse.
Só Notícias apurou que hoje os investimentos necessários para a instalação de uma usina seriam entre R$ 80 milhões até R$ 140 milhões, sendo que, os financiamentos chegam até a 80% do valor. As negociações com produtores e empresários da região já estão acontecendo há algum tempo. O secretário de Agricultura, Alexandre Picin, destacou que hoje os produtores estão dispostos a procurar novas alternativas. “Já começamos algum tempo a trabalhar para produzir álcool e açúcar em Sinop, que é um mercado em franco crescimento, e está na berlinda de todos os acontecimentos e existem produtores dispostos a procurar outras alternativas”, conclui.