Pela primeira vez em sua história, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) realizou um evento para falar sobre as fraudes virtuais, um assunto ainda considerado tabu entre as instituições financeiras. Segundo representantes da organização, seu objetivo é fazer com que os usuários do internet banking fiquem mais atentos a este problema, que afeta a confiança dos clientes em seus bancos.
Durante o evento realizado nesta terça-feira, restrito à mídia, a Febraban falou sobre a importância da educação dos internautas, além das ferramentas já em uso que dificultam a ação de piratas –caso das chaves de segurança. No entanto, os palestrantes se enrolaram na hora de discutir os casos de fraudes em que os clientes não são ressarcidos.
Segundo os especialistas da federação, as supostas vítimas não recebem seu dinheiro de volta quando fica provado que elas tiveram participação nas fraudes ou em situações de negligência. O grande problema está no fato de a Febraban não saber explicar o que exatamente é considerado negligência, quando se trata de golpes no serviço de internet banking.
“É algo subjetivo”, reconheceu Mário Sérgio Vasconcelos, diretor de relações institucionais da Febraban. Pelo discurso dos especialistas presentes no evento –que não confirmaram estas hipóteses– a falta de um antivírus no micro das vítimas ou transações financeiras realizadas em cybercafés podem ser consideradas ações negligentes.
“A internet é uma ferramenta relativamente nova, e os usuários também devem se reponsabilizar pela maneira como a usam”, disse Jair Scalco, diretor de cartões e negócios eletrônicos da Febraban. Scalco fez uma comparação com os cuidados que os internautas devem ter, dizendo que as pessoas não deixam suas carteiras em qualquer lugar, pois desta forma elas podem ser furtadas.
Inclusão
Os internautas certamente devem ser instruídos sobre como evitar golpes virtuais, pois esta prática torna-se cada vez mais freqüente. No entanto, as políticas de educação ainda são muito limitadas se comparadas com a quantidade de propagandas sobre os serviços de internet banking, por exemplo.
Além de criar ferramentas de segurança, os bancos terão de investir pesado na divulgação de informações sobre o assunto, se quiserem reduzir seus prejuízos. Isso porque os programas de inclusão digital devem aumentar, nos próximos anos, o número de novos internautas –pessoas desavisadas são o principal alvo dos piratas virtuais.
Os golpes virtuais já atingiram cifras alarmantes no Brasil. Segundo estimativas do IPDI (Instituto de Peritos em Tecnologias Digitais e Telecomunicações), bancos e administradoras de cartões perderam R$ 300 milhões com este tipo de fraude no Brasil em 2005 –o valor representa 12% dos R$ 2,5 bilhões faturados pelo comércio eletrônico brasileiro no período.