O índice de inadimplência das empresas brasileiras aumentou 13,9% em novembro, ante o mês anterior, de acordo com o Indicador Serasa de Inadimplência Pessoa Jurídica, divulgado nesta terça-feira (30). Já no acumulado dos 11 primeiros meses, o crescimento foi de 2,1%, na comparação com igual período do ano passado, e, no confronto entre novembro de 2008 com o mesmo mês de 2007, a taxa aumentou 28,2%.
Tipo de dívida
Analisando o período compreendido entre janeiro e novembro deste ano, os títulos protestados seguem liderando o ranking, com 41,8% de participação na inadimplência das empresas brasileiras. O percentual superou inclusive o registrado no mesmo período de 2007 (40,6%).
Na segunda colocação, aparecem os cheques sem fundos, com representatividade de 39,1%, no mesmo período. No ano passado, o peso na inadimplência desta categoria era quase igual, de 38,2%.
As dívidas com os bancos, por sua vez, representaram 19,2% do total nos 11 primeiros meses do ano. No mesmo período de 2007, essa modalidade contribuía com 21,3% da inadimplência das empresas.
Valor das dívidas
Se o peso das dívidas com o sistema financeiro foi o menor no total da inadimplência, o mesmo não aconteceu com os valores destas ocorrências: a média dos débitos atingiu R$ 4.387,62 nos primeiros 11 meses do ano, o que representa um crescimento de 7,2% frente ao mesmo período de 2007.
Já a dívida média referente aos títulos protestados ficou em R$ 1.559,89 no período analisado (+5,2%, na mesma base comparativa). Os cheques sem fundos, por sua vez, registraram uma média de R$ 1.319,45 no período, sendo que houve avanço de 13,1%, ante o período compreendido entre janeiro e novembro de 2007.
Análise da situação
Para os técnicos da Serasa Experian, a alta da inadimplência das pessoas jurídicas, em novembro, deve-se a um conjunto de fatores, tendo como principal agravante os efeitos da crise financeira global sobre o mercado de crédito no Brasil.
A oferta de crédito foi reduzida, bem como os financiamentos ficaram mais caros e os critérios de concessão se tornaram mais conservadores. A tomada de recursos para capital de giro e investimentos e a renovação de financiamentos foram, em alguns casos, paralisadas.
Anteriormente aos efeitos da crise, as empresas brasileiras já passavam por um encarecimento do crédito, por conta da evolução da Selic, no período de abril a setembro, acompanhado pelo crescimento da inadimplência do consumidor, que afeta diretamente a rentabilidade das empresas menos capitalizadas.
Desde setembro último, é verificada uma elevação na inadimplência das empresas nas comparações entre iguais meses de 2008 e de 2007, bem como com o mês imediatamente anterior. Apesar disso, o indicador de inadimplência das empresas, no acumulado de 2008, deve encerrar o ano em patamares inferiores aos registrados em 2006 (5,4%) e em 2005 (13,5%).
Metodologia
O Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Jurídica, por analisar eventos ocorridos em todo o Brasil, reflete o comportamento da inadimplência em âmbito nacional. O modelo estatístico de múltiplas variáveis considera as variações registradas no número de cheques sem fundos, títulos protestados e dívidas vencidas com as instituições financeiras. A divulgação é mensal.