O mercado do boi gordo em Mato Grosso continua registrando constante valorização e em patamares recordes, apesar dos excessivos custos para se produzir. Entre 27 de dezembro até esta quarta-feira (18), o preço da arroba subiu 38,4% no Estado, saindo da casa dos R$60,87 e ultrapassando os R$80. A constatação é do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola.
Segundo o Imea, a realidade é geral, com aumento da commoditie em todas as regiões. Entretanto, algumas destacam-se, como a Centro Sul (Cuiabá, Cáceres, Tangará da Serra, entre outras cidades), onde o preço médio atingiu R$87. No Nordeste chegou a 34,4%. “Ainda assim houve uma alta expressiva”, declarou, ao Só Notícias/Agronotícias, o analista da cadeia pecuária do Imea, Otávio Lemos.
Segundo ele, para o Norte, Noroeste, Médio Norte e Oeste, no período, houve um incremento em aproximadamente 40%. A tendência, salienta Lemos, é o mercado obter novas altas.
O consultor de pecuária de corte da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Luiz Carlos Meister, ressalva que as estimativas para Mato Grosso são que em outubro o preço atinja os R$100. A baixa oferta no mercado ainda é um dos fatores primordiais para alavancarem a cotação. Meister lembra que a abertura às exportações para União Européia também devem incentivar a cadeia.
“Outro fator que pode aumentar a valorização é que as propriedades iniciaram processo habilitação para exportarem à União Européia, que remunera mais o criador. Aumentando o total de habilitados possibilitará um abate maior destes animais para o destino, fazendo com que o preço ultrapasse os R$100”, falou ao Agronotícias.
Segundo o consultor, o acréscimo nos valores registrados este ano fez o pecuarista recuperar a rentabilidade perdida nos últimos cinco anos. Entretanto, muitos criadores ainda têm abatido suas matrizes, para arcar com despesas contraídas em períodos passados. “Temos um fato preocupante e que continua – o abate de matrizes, tanto de novilhas como de vacas. Eles têm seguido e mantido na faixa de 40%. De cada 100 animais, 40 são matrizes, para pagar o caixa”, ponderou.
Para o setor, acredita-se que a alta nos preços do boi mantenha-se nos próximos anos, até o mercado equilibrar a oferta de animais existentes.
Oferta
De acordo com o Imea, na semana passada (9 a 13), os frigoríficos viveram seu pior momento desde o início do ano. A maior escala de abate do Estado na sexta-feira (13) foi observada em Araputanga, com apenas sete dias. 17 dos 23 frigoríficos levantados têm escala menor ou igual a 4.
Conforme o Sindicato das Indústrias Frigoríficas (Sindifrigo), a falta animais no mercado já motivou redução de 20% nos abates realizados em 2008, conforme dados divulgados por Só Notícias/Agronotícias.