O mercado já dá sinais de que, neste semestre, os reajustes dos preços dos alimentos deverão ser mais modestos do que os índices que vinham sendo registrados desde dezembro do ano passado. A avaliação é do economista Raphael Castro, da empresa de consultoria LCA . “Algumas pressões [sobre a taxa de inflação] já estão se diluindo”, observou, em referência, por exemplo, às cotações em baixa no mercado internacional do trigo e de uma acomodação na oferta da carne bovina.
Entretanto, o economista advertiu que é cedo para uma projeção de baixa dos índices inflacionários, ao comentar o resultado do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que atingiu 0,59%, na segunda prévia de julho, na menor variação desde o fechamento de abril (0,54%). Essa foi a quinta desaceleração seguida. A previsão do coordenador da pesquisa, o economista Márcio Nakane, é de que a taxa chegue a 0,56%, no fechamento do mês.
“Não é motivo para comemoração”, afirmou Castro, ao ressaltar que existem alguns focos de aumentos no setor atacadista que ainda não chegaram ao varejo. Segundo o economista, entre os reajustes que não aparecem, por enquanto, nos gastos dos consumidores finais estão os custos dos insumos, que sofrem as oscilações do preço do petróleo. Ontem (17), a cotação do barril de petróleo no mercado internacional estava em torno de US$ 129.
Até a medida adotada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de restringir a circulação de caminhões como forma de melhorar as condições do trânsito na região do centro expandido da capital paulista é vista por Castro como um provável efeito de pressão sobre o cálculo do IPC.
O economista observou ainda que, na segunda prévia de julho, o grupo habitação registrou queda de 0,11% graças aos benefícios fiscais que mantiveram as contas de energia elétrica mais em conta. Só que, na cobrança das tarifas para o próximo mês de agosto, o consumidor já receberá o boleto com o reajuste anunciado neste mês de 8,6%.