Mato Grosso tem o 15º maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, mas sua participação na economia nacional já foi bem melhor. É o que aponta o levantamento das Contas Regionais entre os anos de 2003 e 2006, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira. O Estado já deteve o 12º PIB do país, mas declinou em função do mau desempenho do carro chefe da economia mato-grossense. O maior vilão foi a agropecuária, que em 2002 participava com 29,7% da economia e caiu para 25,3% em 2006.
No início do levantamento, em 2002, Mato Grosso ocupava a mesma posição que ocupa hoje, 15ª, e contribuía com 1,42% do PIB nacional e nos anos posteriores apresentou uma crescente interessante. Nos anos de 2003 e 2004, o PIB estadual conseguiu um importante salto e alcançou a 12ª posição entre as 27 unidades da federação estudadas. Em 2003 a contribuição mato-grossense foi de 1,64%, o que levou o estado a subir uma posição, ficando em 14º. O auge de Mato Grosso aconteceu em 2004, com um pico de participação que alcançou 1,90%, deixando o estado na 12ª posição do levantamento do IBGE.
No ano seguinte, em 2005, a situação econômica começou a mudar e para pior. Em 2005 o PIB foi de 1,74% e o estado voltou para a 14ª posição. No final da série, em 2006, Mato Grosso teve um 1,49% de PIB, o que o deixou estacionado como o 15º PIB do País. Segundo o IBGE, o motivo dessa queda foi a crise no campo e, principalmente, os problemas enfrentados pelos sojicultores. A ferrugem asiática foi a vilã da agropecuária em 2006. Os produtores precisaram utilizar mais defensivos e entraram no período de vazio sanitário, onde são proibidos de plantar por 90 dias para evitar a proliferação da doença que devastou muitas lavouras no estado.
O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea), o economista Seneri Paludo, confirma que o vazio sanitário e a Ferrugem Asiática deram muita dor de cabeça para os produtores e citou mais dois fatores para o mau desempenho do setor. “A ferrugem não existia em Mato Grosso até 2004, e a partir de 2005 começamos a registrar a doença em lavouras. Esse foi um dos fatores que ocasionaram essa queda na participação da agropecuária. Os outros foram a valorização do real frente dólar e a descapitalização dos produtores rurais. O período analisado pelo IBGE foi um momento muito ruim para o agronegócio, um momento de crise”, analisa Paludo.
Outros fatores que influenciaram no baixo desempenho da agropecuária foram a desvalorização do dólar e a baixa produtividade do feijão e o arroz, que sofreram com o excesso de chuva.
Mesmo tendo apresentado uma queda na participação da economia do país, Mato Grosso foi o único estado que conseguiu ultrapassar a média nacional dos anos posteriores. Em 2002, o PIB per capita mato-grossense equivalia a 90% do brasileiro passando a ser 10% maior que essa média em 2003, 30% maior que ela em 2004 e 10% maior que a mesma em 2005. Em 2006, ficou quase igual à média brasileira.