Até o final deste ano, a produção de derivados da castanha e guaraná no extremo Norte de Mato Grosso vai ganhar mais qualidade e beneficiar um número maior de famílias agroextrativistas. Esse é o resultado esperado com a instalação da agroindústria da castanha-do-Brasil orgânica e a ampliação da agroindústria de processamento de pó de guaraná orgânico, cujo convênio de financiamento pela Fundação Banco do Brasil foi assinado na semana passada, em Terra Nova do Norte.
As duas agroindústrias pertencem à Cooperativa de Agricultores Ecológicos do Portal da Amazônia (Cooperagrepa) e vão beneficiar os condomínios do guaraná do município de Nova Santa Helena, e da castanha-do-Brasil, em Novo Mundo.
“Esse investimento vai viabilizar um projeto que é referência para a Cooperagrepa e para o território”, afirma Domingos Jarí Vargas, presidente da cooperativa. “Significa agregar valor a uma produção de agricultores familiares que trabalham com produtos da floresta, numa proposta de desenvolvimento sustentável para a região”, completa.
Para a agroindústria da castanha-do-Brasil orgânica, o financiamento de R$ 94,7 mil vai permitir a construção do prédio, aquisição de maquinário para secagem da castanha, produção de óleo e embalagem, entre outros. Inicialmente, a agroindústria atende as 30 famílias do condomínio, que fica na Gleba 5 Mil, no entorno do Parque Estadual do Cristalino, mas o projeto poderá beneficiar todo o assentamento. A capacidade de produção deverá girar em torno de 2 toneladas por mês.
Para o processamento do guaraná orgânico, o convênio prevê financiamento de R$ 62 mil para a ampliação da estrutura já existente e aquisição de novos maquinários, como lavadora automática e fornos. Com a ampliação, o processo de secagem e torrefação – que atualmente é feito de forma artesanal – passará ser industrial, garantindo maior qualidade ao produto final. A agroindústria é gerida pelas 16 famílias do condomínio na Vila Atlântica, mas poderá atender também a produção de guaraná do município de Marcelândia.
“Essas duas agroindústrias consolidam o processo de desenvolvimento sustentável em que a gente acredita e fecham a cadeia produtiva dos dois produtos. Agora teremos tecnologia de processamento de primeira”, comemora Domingos.
Mais qualidade, mais mercado
Para Estevan Garcia, técnico de agronegócios do Sebrae-MT, que acompanha o trabalho da Cooperagrepa através do programa Vida Rural Sustentável, a melhoria na qualidade e apresentação desses dois produtos era o que faltava para consolidar a sua comercialização.
“A procura por produtos como esses, orgânicos e com características regionais, é muito grande no mercado externo. O guaraná, por exemplo, é um produto novo para os europeus, de origem florestal, energético, etc.. O que a cooperativa tem de oferta, a demanda cobre”, afirma o consultor.
Mas apesar do promissor mercado internacional, a Cooperativa ainda é pouco conhecida nos próprios municípios do Portal da Amazônia. Para estes, o Sebrae vai desenvolver um trabalho de visitas e verificação da aceitação desses produtos no mercado local. “Estão sendo estudadas alternativas como as feiras municipais e outros espaços de comercialização que tornem os produtos fortes na sua região também.”, afirma Garcia.
Os dois financiamentos a fundo perdido concedidos pela Fundação Banco do Brasil foram aprovados através do Programa Trabalho e Cidadania, do governo federal, com apoio do projeto Gestar Portal da Amazônia.