Promover o fortalecimento e a valorização das culturas populares tradicionais é um dos objetivos do prêmio Tradições MT. Os projetos selecionados na segunda edição do certame receberão auxílio financeiro no valor de R$ 50 mil. Foram 133 iniciativas inscritas e nove selecionadas, sendo duas de Cuiabá e as outras de municípios de diversas regiões do estado como Brasnorte, São José dos Quatro Marcos, Várzea Grande, Poconé, Sorriso, Nortelândia e Cáceres, atendendo ao princípio de descentralização da cultura previsto na lei nº 10.379/2016, do Fundo Estadual de Política Cultural.
Também são objetivos do prêmio fomentar ações voltadas à diversidade cultural do estado que preservem os saberes e práticas tradicionais passados por mestres e mestras, incentivando os processos de transmissão destes saberes entre as diferentes gerações.
Essa doação de conhecimento, dos mais velhos para os mais novos, é o foco de alguns projetos selecionados como o intitulado Jejakanamapi Katetirikiná – Nós nos alegramos com a Katêriti, de Brasnorte, que visa reativar as práticas de confecção e execução musical das flautas Katêtiri, hábito que vem se perdendo entre as novas gerações. A idéia é retomar, entre os jovens, a prática do uso do instrumento tradicional a partir dos ensinamentos dos anciãos que dominam essa habilidade.
A preservação das festas populares como manifestações legítimas de um povo está contemplada em alguns projetos selecionados nesta edição como, por exemplo, A Dança do Congo de Livramento, o Sagrado e a Diáspora, de Cuiabá. O foco é a manifestação artística de uma comunidade negra rural no município de Nossa Senhora do Livramento. O projeto envolve a produção de um videodocumentário que inclui registros da festa, bem como entrevistas com lideranças locais, moradores e dançarinos.
A Folia de Reis de São José dos Quatro Marcos, que acontece desde 1996 e reúne foliões que atuam nas companhias de reis da região Oeste de Mato Grosso, está em outro projeto selecionado no edital. A ação busca expandir essa manifestação tradicional da cultura popular, respeitando e valorizando as expressões culturais trazidas pelos imigrantes.
A mesma festança é tema do projeto Festa de Santo Reis, de Cáceres, que acontece há 35 anos. O projeto contemplado no prêmio busca dar continuidade a uma tradição mantida há mais de três décadas, além de ampliar o acesso da população aos bens culturais do município.
Preservar a tradição e estimular a promoção e a preservação da cultura e a religiosidade da população local são os objetivos da Festa de Sant’Ana, em Nortelândia, que já está na 58ª edição, e cujo projeto também foi selecionado no prêmio. Segundo os proponentes, a festa faz parte do calendário turístico de Mato Grosso e, ao longo dos dez dias, gera emprego e renda em segmentos diversos.
A cultura africana faz parte de duas iniciativas selecionadas na segunda edição do Tradições MT. No projeto Afro paladar – Nutrindo a Cultura, de Cuiabá, o foco é a gastronomia, mais especificamente a culinária quilombola. Sete comunidades quilombolas serão visitadas para que nelas sejam registradas (em vídeo, fotografia e textos) as raízes da culinária tradicional, visando a preservação dessa cultura e a sua valorização. O produto final é um catálogo com receitas das comidas tradicionais dos quilombolas de Mato Grosso, relacionadas às principais atividades culturais protagonizadas nas comunidades.
No projeto 3º Berimbau Chamou, de Sorriso, a capoeira é inserida no contexto cultural com a realização de diversas atividades como palestras, cursos de musicalidade, mostra de cantigas e o tradicional Batizado, evento que reúne mestres, alunos e fortalece a Roda de Capoeira, tombada pelo Iphan como patrimônio imaterial brasileiro.
Já o projeto Violas de cocho itinerante – As violas dos mestres, de Várzea Grande, busca restaurar e preservar as esculturas e peças acessórias que simbolizam a cultura cuiabana e estão localizadas em rotatórias de avenidas da capital.
A iniciativa intitulada Raiz do Pantanal, de Poconé, completa a lista de projetos contemplados neste edital. Trata-se de uma exposição multimídia que integra um trabalho desenvolvido há mais de 30 anos sobre o homem pantaneiro e suas tradições, tendo a fé, as rezas cantadas e as festas de santo como protagonistas.