No primeiro debate na TV, os candidatos à presidência entraram de novo na religião, falando em aborto; falaram do passado, discutindo privatizações; falaram do presente, abordando portos, segurança, saúde… mas não falaram do futuro; não falaram em Ciência e Tecnologia, em Educação, em preparação dos professores, em mais investimento no ensino. Não discutiram o futuro. E, como se sabe, sem Educação não há futuro para o Brasil.
Acabaram de anunciar os agraciados com o Prêmio Nobel deste ano, inclusive um latino-americano, o escritor Mário Vargas Llosa, do Peru. As solenidades de entrega serão em 10 de dezembro. O Brasil nunca ganhou um Nobel. Entre os latino-americanos, além de Peru, Colômbia e Costa Rica já ganharam uma vez. Guatemala e Chile ganharam duas vezes. México recebeu o Nobel três vezes. E a Argentina já tem cinco prêmios Nobel. Dois de Medicina, um de Química, dois da Paz e um de Literatura. O motivo é fácil de perceber. Nosso vizinho do sul já teve um presidente inteiramente dedicado à Educacão: Domingo Faustino Sarmiento. Não se limitou a construir escolas. Mandou os professores para os Estados Unidos, para abrirem os horizontes. Fez parecido no Chile, onde esteve exilado antes de ser eleito presidente da Argentina. E o que ele plantou rende frutos há quase 150 anos.
Aqui, a Educacão se pauta pela mediocridade. O ensino fundamental mal alfabetiza e não ensina a raciocinar, a pensar. O ensino superior é tão fraquinho que a licenciatura, o bacharelato, não bastam. Foi preciso criar pós graduações. Que são fracas a ponto de estarem a exigir pós-doutorados. Fazemos com a Educacão o mesmo que já fizemos com a classificação econômica das pessoas – o que era classe pobre, convencionou-se chamar de classe média. O que era classe média passou a ser chamada de classe rica. Com os carros passou-se o mesmo: um carrinho mini passou a ser pequeno. Um pequeno é chamado de médio. E o médio virou carro grande, para deixar o comprador com a ilusão de estar num carro espaçoso e confortável. Vivemos no engodo, na hipocrisia, no me engana que eu gosto.
Só que Educacão medíocre não engana o futuro. Não conseguimos enganar o Prêmio Nobel. Sem cérebros e mãos preparados estaremos sempre a reboque dos países que investem na inteligência. Aqui, tudo é tão primitivo, que se ouve e vê gente a disputar o nosso voto, que não consegue formar uma frase sem infringir o artigo 13 da Constituicão – o que estabelece que a Língua, no Brasil, é a portuguesa.