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Tragédias de carnaval

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No Brasil, somando-se homicídios e trânsito, temos uma média superior a 300 mortes por dia; é a maior matança na face da Terra. Já nos acostumamos com isso; já banalizamos a morte, desde que não esteja perto de nós. Além disso, autoridades costumam mostrar estatísticas abaixo da realidade e jornalistas costumam noticiar dados parciais, como apenas os mortos nas rodovias federais. Durante o carnaval, não foi diferente. E a bebedeira ajudou a matar.
Nas proximidades de Belo Horizonte, um pequeno Fiat pilotado por um grande bêbedo, entrou na contramão de uma rodovia estadual e mandou cinco para o hospital. Em Bertioga, um menino de 14 anos, pilotando ilegalmente um jet-ski, conseguiu a mórbida façanha de matar uma menina de três anos que brincava na beira do mar. Matou, deixou o jet-ski e fugiu. Na Belém-Brasília, o motorista de um ônibus que vinha ultrapassando em alta velocidade colidiu com outro ônibus, matando 15 e deixando 60 feridos, alguns em estado grave. São exemplos de que a maior parte das tragédias são previsíveis.

Exemplo de tragédia doméstica aconteceu às vésperas do carnaval, em São Paulo. O filho de 22 anos da ex-jogadora de vôlei Magda apareceu em casa acompanhado do traficante a quem ele devia dinheiro. Exigiu da mãe 400 reais e ela, ao ver o traficante, encheu-se de justa ira. O traficante atingiu-a com uma faca e o filho acabou de matá-la com mais facadas. Parece história de terror se não fosse assim o cotidiano que fere famílias brasileiras. Os jovens esqueceram-se do prazer dos livros, que promovem viagens alucinantes e enriquecedoras, para se escravizarem ao álcool e outras drogas, na viagem pobre e destruidora.

Como jornalista, eu tenho a lamentar também o descaso com a verdade. Leio nos jornais que o Cordão da Bola Preta, no Rio, tinha 2 milhões e 300 mil foliões. E o Galo da Madrugada, do Recife, 2 milhões. Pelas fotos feitas de cima, conto as cabeças e, com muito favor, admito que possa haver 10% desse número na rua. Olho uma foto aérea do imenso espaço do mall de Washington, em que o reverendo Moon reinvindica ter batido o recorde de público por lá: 300 mil pessoas. Até onde dizem, o recorde mundial de público está calculado em 1 milhão de pessoas, no enterro do Aiatollá Khomeini. Por que não nos satisfazermos com 50 mil, 100 mil pessoas? Isso já é muita gente; um Maracanã cheio. É o país dos exageros. E estamos exagerando na tragédia.

 

 

 

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