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SOS Cidades

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As chuvas de verão na região Sudeste mostram como são frágeis nossas grandes cidades. A maior da América Latina, São Paulo, é tomada pelo caos na chuva de todos esses dias. Minha filha que mora no Rio, outro dia, me ligou de um congestionamento na entrada de Ipanema, na altura da Praça General Osório. Duas horas depois me ligou dizendo que ainda estava no Leblon. Quer dizer, por causa da chuva, os carros se deslocam na metade da velocidade de um pedestre. Em São Paulo, o IBOPE apurou que 57% dos paulistanos gostariam de se mudar da cidade.

A situação fica cada vez pior. Há 100 anos, podia chover quanto quisesse, que as águas se infiltrariam na terra ou escoariam para os riachos e rios. Hoje o solo está impermeabilizado e os riachos sumiram ou estão assoreados. Como se não bastasse, os bueiros ficam entupidos de lixo jogado pelos moradores. Parece que as pessoas não se dão conta que moram na cidade. Que, portanto, a cidade é um prolongamento de suas casas e como tal deve ser tratada. É burrice tratar mal a cidade, porque aí todos vivem mal. A propósito, as pessoas, infelizmente, vão se acostumando a viver mal e não percebem que perderam a qualidade de vida.

Semana passada em São Paulo, no bairro Cidade Jardim, que ganhou o nome do hipódromo, moradores mais abastados se mobilizaram contra um empreendimento imobiliário que constrói um centro de compras, nove torres residenciais e três torres comerciais. Uma insensatez: vão empilhar pessoas, adensar a região, provocar acúmulo de esgoto, mais demanda de água e eletricidade e congestionamentos e barulho. Os moradores, em geral residentes em casas com jardim e quintal, estão furiosos, e com razão. Mas perto dali, numa favela – favelas e bairros abastados convivem nas grandes cidades – os investidores do empreendimento fazem obra social e já conquistaram corações e mentes. Os favelados apóiam a construção das torres.

E assim, pouco a pouco, a cidade se torna ainda pior. Camboriú era uma enseada magnífica, até que chegou a construção de prédios. Fizeram uma enorme barreira de edifícios em frente ao mar – repetindo o erro de Copacabana -, tiraram o sol da tarde na praia e criaram atrás da barreira uma rua principal que fica entupida, congestionada. Na parte norte da praia, um imenso esgoto chamado rio é despejado no mar em que as pessoas se banham e acham que estão felizes e se livrando do esgotamento das grandes cidades. Dá pena. Como dá pena de quem sai de São Paulo nos feriadões, como o desse fim-de-semana, e acaba demorando 10 horas para fazer 100 quilômetros. Aí chega ao litoral, é assaltado, sofre com a chuva, e depois percorre o mesmo congestionamento de volta. Onde está a graça?

Estou contando essa desgraça toda, porque você, leitor, ainda pode ajudar a salvar sua cidade. Fiscalize a fiscalização da Prefeitura, exija leis municipais duras, que livrem sua cidade da explosão urbana. A minha já está acabando. Depois de um governador que estimulou invasões e distribuiu lotes em troca de votos, apareceu outro que protege as empreiteiras que passam os tratores no cerrado maravilhoso para erguer prédios de concreto que vão empilhar gente. Cidade tem que rimar com felicidade, liberdade.

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