No último fim-de-semana o povo venezuelano foi maciçamente às urnas não-oficiais para dizer que não quer a ditadura de Maduro. Mas o pesadelo dos venezuelanos é o sonho de muitos brasileiros. Nesta semana, no Foro de São Paulo, a senadora que preside o PT declarou apoio incondicional ao regime de Maduro, inaugurado pelo tenente-coronel golpista Hugo Chavez. Compreende-se: o caos resultante do tal regime bolivariano serve de espelho para os 14 milhões de desempregados, os déficits nas contas públicas, o empreguismo e a corrupção, que foram gerados nos últimos anos no Brasil.
A senadora fala em radicalizar e sair para as ruas para derrubar a condenação que o Juiz Sérgio Moro impôs ao líder máximo do período corrupto do país. Quer dizer, tudo muito coerente: quem apóia a ditadura venezuelana, que submete até a Suprema Corte, igualmente não aceita decisão da Justiça em seu país. O brado de radicalização me faz lembrar dos discursos que ouvi em tempos de João Goulart, da boca de Leonel Brizola: reformas “na lei ou na marra”. Aí, preventivamente, os militares também saíram na marra e tiveram mais força.
Esse tipo de reação pela força, em lugar do Direito, das instituições, das leis, da dialética, nunca deu certo. Gera iguais movimentos no sentido oposto, como na Física. No casamento da deputada filha do Ministro da Saúde, em Curitiba, há poucos dias, um grupo de arruaceiros decidiu encenar uma nova Tomada da Bastilha. Da igreja, arrancaram a ornamentação, jogaram ovos na noiva, agrediram convidados – um deles chegou a jogar um pesado holofote sobre o jardim onde estavam os convidados. Acertasse a cabeça de alguém, seria morte certa. Gente circulando de megafone mostrava que havia planejamento, que não fora espontâneo. E não era gente sem cultura, pois gritavam “joga brioche!”, lembrando a Revolução Francesa.
Pois querer imitar a “revolução bolivariana”ou a Revolução Francesa tem risco de acabar mal. A bolivariana é isso que se vê; a francesa acabou com um período de Terror, com seus principais líderes, Danton e Robespierre, guilhotinados também e, ao fim de tudo, abriu espaço para Napoleão Bonaparte, o Imperador. Ódios, vinganças, frustrações nunca foram bons conselheiros. Menos ainda ideologias que nunca deram certo na prática. Quem quiser conviver com a democracia precisa aceitar as regras – ou correr o risco de aparecer um Chávez ou um Napoleão.
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Queda da bastilha
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