Os cidadãos responsáveis morrem de medo do populismo, que afunda o país. Os que investem, produzem, dão emprego, geram renda e impostos, temem o populismo que afunda as contas públicas e leva o país ao caos, como aconteceu recentemente. Em ano eleitoral, o medo se agrava quando se examina a lista de possíveis candidatos. O pior é que todos sabem, que no nível brasileiro de cultura, de educação, do eleitor, quem não for populista, em geral não se elege. Quase 40% das pessoas aptas a votar não têm o ensino fundamental e 13 milhões são analfabetos, ou analfabetos funcionais. Grande parte dos entusiasmados por um partido político, por suas manifestações, não têm idéia dos poderes de um deputado, vereador, prefeito, governador e presidente da República. Não têm idéia do que seja a Federação em seus três entes, assim como os três poderes. Jornalistas, com nível superior, não sabem a diferença entre cidade e município, como demonstra o noticiário quotidiano. Tudo isso gera a supremacia do populismo, a demagogia.
Com populismo, Getúlio, mesmo tendo sido ditador por 15 anos, se elegeu; Jânio foi eleito assim; Collor também, assim como Lula. Getúlio ditador tinha uma fórmula de equilíbrio: era Pai dos Pobres mas também Mãe dos Ricos. Vale dizer: tinha um discurso populista nos palanques mas era cuidadoso com a economia, para não desestimular os que produzem, pagam impostos e geram empregos. Lula, no primeiro mandato, seguiu o exemplo do primeiro Vargas.
A atual corrida presidencial já revela a busca de populistas, que prometem fazer caridade com o dinheiro dos impostos de todos. Vão abrir buracos nos cofres públicos, o que gera a inflação que tira a renda dos mais pobres e transfere para os mais ricos que investem no mercado financeiro. Essa praga já conhecemos, quando tínhamos inflação de 5000% ao ano. Quem tinha dinheiro no overnight ganhava 40% ao mês; quem vivia de salário, no fim do mês o dinheiro das compras alcançava 40% menos. Hoje a inflação é mínima e os juros despencam. Por isso, tanto se teme o populismo que venha arrombar a conquista que se obteve depois do caos de dois anos atrás.
A fórmula prática do candidato é ser populista na palavra – ou não se elege – e ser responsável na ação, depois de eleito. A Constituição estabelece, para a administração pública, legalidade, moralidade, eficiência, transparência, impessoalidade. Fora disso, se quebra o país, como a última presidente quebrou. Mas populismo gera fé, fanatismo, irracionalidade e pode acabar em violência. Tirando o ismo, vem a popularidade, que pode ser conquistada com inteligência, sem escorregar para a concessão fácil do salvador-da-pátria, como foram Jânio e Collor e como Lula se apresenta aos seus, messianicamente. É fácil emplacar isso em país atrasado – daí o perigo. Nenhum presidente é messias sozinho, porque depende do Congresso. E se não tiver oposição no Congresso, não terá freios. Democracia é difícil, mas fora dela fica pior.