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Populismo e Paraguai

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Alexandre Garcia

Leio os títulos dos jornais: “Freio no Crescimento”, “Economia perde o fôlego” e outros eufemismos para mostrar a estagnação do PIB no terceiro trimestre do ano. Títulos enganadores, porque fazem pressupor que havia crescimento e fôlego. Meninos, eu vi o que é crescimento. Cobrindo economia no Jornal do Brasil, eu acompanhei, no que agora chamam de anos de chumbo, anos dourados do PIB brasileiro. Em 1973 crescemos 14%. Nem a China conseguiu isso. A média de crescimento em quatro anos foi de 11,2% ao ano. Milagre econômico, chamaram. Milagre nada. Foi produto de entusiasmo, otimismo, confiança na estabilidade jurídica e política. Abriam-se empresas e empregos. Faltavam empregados, papelão de embalagens, veículos na vitrine. Sobravam renda, emprego, produção, compra e venda. Só esfriou quando o petróleo de que o Brasil necessitava quadruplicou de preço.  

Agora o PIB ainda se mostrou 0,1% positivo no trimestre, porque o petróleo é nosso. O pré-sal de petróleo e gás é que garantiu um décimo por cento de positivo, pois a indústria de manufaturados encolheu, o comércio perdeu fôlego – a 25 de Março em São Paulo, o Saara no Rio, mostram isso. Até o agro, que sustenta o balanço de pagamentos, ficou apenas com menos de meio por cento positivo. Nenhuma praga, oposta ao milagre; apenas o óbvio: só o trabalho produz riqueza. Num país em que 45% da população de idade ativa vive de benefícios sociais pagos pelos impostos tirados de todos, crescimento é impossível. Eram 90 bilhões de reais de benefícios em 2019; agora são 285 bilhões. Em 13 estados – norte e nordeste – o número de beneficiários é maior que o de assalariados, e falta mão-de-obra para a atividade econômica de emprego intensivo. Muito óbvio: o PIB parou porque estão empatados a renda e o gasto.  A poupança, em novembro, diminuiu em quase 3 bilhões. Com eleições o ano que vem, o gasto aumenta. E aí?

Proibir reeleição seria uma solução, mas muitos vão dizer que é contra Lula. Com o populismo em campanha, todos vão pagar depois. Pagam os que geram riqueza, emprego e impostos, e os que se beneficiam disso, porque já não cai maná há mais de 3 mil  anos. E não há almoço grátis. Tem que pagar. E só se paga quando houver geração de riqueza. E aí, repito o óbvio: só o trabalho gera riqueza – para sustentar governos e seus populismos. Populismo e contas públicas não fecham jamais. Demagogia não gera investimento nem produtividade; ao contrário. Sem crescer, não há riqueza a distribuir. Distribuir sem ter é desastre a ver. Na base, a conta de energia sobe mais que a inflação. 

Não se festeja aumento do bolsa família; o que se deve festejar é a diminuição dos que recebem o benefício, porque o melhor programa social é o emprego. Mas populismo incha em ano eleitoral, até explodir as contas públicas. O arcabouço só existe em declarações do ministro. Como se não bastasse, há o custo Brasil, calculado em 1,7 trilhões por ano, conforme estudo e pesquisa CNI/Nexus. Impostos, energia cara, infraestrutura ruim, burocracia, tempo perdido – 1.506 horas por ano – para calcular e pagar tributos. Tira competitividade, investimento, inovação. É o atraso. Economia tenta andar com freio puxado. E tem que pagar muito imposto para o governo posar de beneficente.  Ou mudar para o Paraguai.

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