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Piñera e Lula

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Para a esquerda brasileira, o presidente do Chile, Sebastian Piñera é de direita. Para os chilenos, essa bobagem já está ultrapassada. Depois que Pinochet saiu, sucedido por governos da democracia cristã e socialistas, todos seguiram a política econômica implantada pelo ditador, tal como Lula seguiu as políticas econômica e social implantadas por Fernando Henrique. Isso não é humilhação, mas bom-senso. O Chile era um país conservador antes das reformas de Pinochet. Quem lê a escritora Isabel Allende sabe disso. Ela nunca concordou com a ditadura, que derrubou o primo do pai dela, Salvador Allende. Mas reconhece que foi Pinochet quem modernizou o Chile. Salvador Allende estava sendo usado para implantar uma ditadura comunista, como confessou há pouco Fidel Castro, em entrevista, revelando que tentou exportar sua revolucão marxista para a América do Sul. O Chile salvou o cone sul de uma expansão comunista. Se ela tivesse acontecido, talvez nemhouvesse a queda do Muro de Berlim e da União Soviética.

Quando digo Chile, refiro-me ao povo que aprovou Pinochet no plebiscito de 1980, que lhe deu 75% dos votos. Oito anos depois, em outro plebiscito, o general perde e se retira e é sucedido por governos democráticos que mantêm a ordem econômica. Aqui no Brasil a ordem foi invertida: os militares promoveram a abertura política, deixando para os governos democráticos a abertura econômica. Sem a força que Pinochet teve, o Brasil até hoje não desatou os nós da economia. A diferença entre o Chile e o Brasil é gritante. O Chile sofre um dos maiores terremotos do planeta, de 8,8 graus Richter e resiste e se recupera rapidamente, porque está preparado. O Brasil não está preparado para evitar desmoronamentos como o do Morro do Bumba, em Niterói, que matou 50, e repete a imprevidência agora com o desmoronamento do porto em Manaus. O Chile tira 33 mineiros de 700 metros de profundidade com uma ação de primeiro mundo que supera todas as expectativas.

O ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, classifica o Chile como único país desenvolvido da América Latina. O país, desde 1996, tem grau de investimento AA3, só a três degraus do topo, renda per capita de 15 mil dólares, juros de 3% aa e investimento igual a 27% do PIB, o mais alto da América Latina. Tudo porque as mudanças do ditador foram mantidas pelos governos democráticos: privatizações, desregulamentação da economia, abertura econômica, independência plena do Banco Central, estabilidade fiscal, ausência de déficit público, fim do protecionismo no comércio exterior e tarifas baixas para importação. O Chile tem crescimento sustentado já por 20 anos e mostra que tudo isso é possível numa democracia sul-americana. Lula não foi à posse de Piñera; deu uma desculpa esfarrapada. Mas curvou-se à eficiência chilena e ligou para cumprimentar o presidente no dia do resgate dos mineiros. Quem sabe se interesse agora pelo modelo de sucesso.

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