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O petróleo que é deles

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Fernando Gabeira, meu ex-colega de Jornal do Brasil, lembra que nos anos 50 e 60 saía às ruas vociferando “O Petróleo é Nosso!”. Agora, diz ele, se percebe que o PT e o PMDB levaram o slogan ao pé-da-letra, sem terem entendido que a voz das ruas dizia que o petróleo, nosso, é do Brasil. Em anos mais recentes, lembro que a militância saiu às ruas contra a  suposta idéia, atribuída ao governo tucano, de privatizar a Petrobrás. Agora se fica com a impressão de que, convencidos de que a estatal será privatizada, preferiram antes reduzi-la a pó, para não entregar a jóia do estado brasileiro a uma petroleira particular.

O aparelhamento partidário da empresa fez a ela tanto mal quanto fizeram os partidos que comandavam as siderúrgicas estatais. Enquanto estatais, sempre deram prejuízo. Privatizadas, passaram a render. Retiradas nomeações de diretores por seus padrinhos políticos, com cargos ocupados por quem é do ramo, as siderúrgicas cresceram e lucraram. A briga entre os senadores Renan Calheiros , do PMDB e Delcídio Amaral, do PT, um empurrando para o outro a nomeação de Nestor Cerveró para a Diretoria Internacional da Petrobrás ilustra bem quem manda, afinal, na estatal. Cerveró foi quem fez o resumo aprovado em reunião presidida por Dilma, para comprar uma refinaria no Texas, recém negociada por 42 milhões de dólares. A Petrobrás acabou pagando 1 bilhão e 200 milhões de dólares por ela. Agora o Senador que o nomeou não quer assumir a responsabilidade. Aliás, o presidente era Lula e foi quem deu a aprovação decisiva ao mau negócio.

Na casa do ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, que está preso, a polícia encontrou 700 mil reais e 200 mil dólares em dinheiro vivo. Não creio que esse dinheiro todo seja do ex-diretor. É possível que ele estivesse guardando para alguém vir buscar na cueca. O episódio faz crer que funcionários de carreira nomeados por partidos e políticos, ficam a serviço desses, desvestindo-se da camisa da Petrobrás. Ganham outros patrões e atuam a serviço de formação de, no mínimo, “verbas de campanha”. 

Agora se descobre que a grande refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco não é – como se anunciou tantas vezes em discursos do então presidente – uma parceria de capitais entre Venezuela e Brasil. A parceria foi apenas de discurso, entre Chavez e Lula, dois bem-dotados de gogó. Na vida real, o Brasil está entrando sozinho com a conta da instalação da refinaria, que pode chegar a 20 bilhões de dólares. O projeto inicial era de 2,5 bilhões. O homenageado, general José Inácio de Abreu e Lima, pernambucano, lutou ao lado de Simon Bolívar pela independência da Venezuela. O ingrato calote deve tê-lo feito revirar-se no túmulo, no Cemitério dos Ingleses, em Recife.

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