Aqui no Brasil estão soltando condenados, inclusive os por corrupção, pelo generoso indulto de Natal; há o festivo saidão natalino e de Ano-Novo, enquanto o Supremo alivia prisões cautelares de corruptos. No indulto, um ladrão de automóveis sem reincidência, condenado a 12 anos, pode sair depois de dois anos e 5 meses, pelos meus cálculos. No país em que o número de policiais-militares mortos este ano no Rio de Janeiro, chega a 132, enquanto escrevo estas linhas. No hemisfério norte, semana passada, um tribunal de Nova Iorque condenou à prisão perpétua, sem direito a saidões, indultos, progressão de pena ou liberdade condicional, o matador de um policial. Ao pronunciar a sentença, o juiz disse:
Pelo assassinato do policial Brian, que estava em serviço, a sentença do tribunal é prisão perpétua. Toda a vida, sem liberdade condicional. Para tornar mais simples para o seu cérebro comprometido, você vai morrer na prisão. Nunca mais irá respirar ar puro fora do aço e do concreto de uma prisão do Estado de Nova Iorque. Essas sentenças são aplicadas juntas, consecutivas com cada uma. Em adição aos 300 dólares de sobretaxa obrigatória, uma taxa de 25 dólares para o sistema de assistência às vitimas de crimes, uma taxa de 50 dólares de registro de DNA, todas a serem pagas pelo condenado. Cientifico seu advogado do direito de recorrer e de tirar sua cara com esse sorriso cínico fora deste Tribunal.
É assim que a maior democracia do planeta trata matadores de policiais. A notícia do crime explica que fora o segundo assassinato de um policial no semestre. Aqui, com a corrupção institucionalizada no topo, os jovens de periferia são mais atraídos para o crime – sempre com a droga como eixo. A imagem de mais de 50 milhões do dinheiro de Geddel fala por si, sobre a corrupção generalizada. Crimes políticos que se entrelaçam com o crime comum. Violência no campo, invasões, depredações, toleradas por razões ideológicas, se equiparam aos assaltos nas estradas e nas cidades. Mentiras jogadas ao léu por políticos equiparam-se às balas “perdidas” em letalidade da cidadania. Assim, matar policiais é matar as leis.
Assim como desarmaram os cidadãos, emasculando o Direito de Defesa, armam mal os policiais, privam de proteção maior os que estão no front, enfrentando bandidos bem-armados com fuzis modernos, recém-contrabandeados. As viaturas da polícia são de dar pena, como se o Brasil não pudesse fazer um bom acordo anti-droga com os Estados Unidos, em troca de carros poderosos, blindados, potentes, estáveis, de tração integral, para perseguir os que assaltam – e encarceram a população atrás das grades de seus lares. Quando o policial Brian foi morto em Nova Iorque, a porta de sua casa ficou cheia de flores; o prefeito visitou a família; as honras fúnebres foram de herói; o condenado pagou uma taxa para o fundo de asssistência às vítimas. Por aqui, os valores estão invertidos.
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Matador de policial
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