Nosso país fez aniversário. 193 anos como país independente. Será que temos motivos para comemorar? Quando será, afinal, que vai chegar o futuro para este Brasil, País do Futuro, que tenho ouvido desde a infância? Ao longo de minha vida tenho testemunhado esse futuro ficar menos distante e depois mais distante, numa ciclotimia que acompanha nosso histórico ziguezaguear. Dentro de sete anos, estaremos festejando o bicentenário da independência. Que país seremos em 2022?
No aniversário da Pátria, a presidente do Brasil postou na internet um discurso em que fala duas vezes sobre “fazer a travessia que deve ser feita”. Como assim? Depois de 12 anos e oito meses no governo de seu partido, a travessia ainda não foi feita, como se fôssemos um bote de refugiados à deriva no Mediterrâneo. Ela leu o discurso como se fosse o primeiro dia de governo. Como se já não tivesse passado tanto tempo, desde 2003, para mostrar resultados do governo do PT. Ao contrário, o bote à deriva mais parece estar afundando.
O que temos a comemorar é que as instituições ainda funcionam. A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal estão investigando e descobrindo a corrupção que se institucionalizou em lugar da travessia. O Supremo já autorizou inquérito sobre privilegiados detentores do foro especial. Dois ministros mais próximos da presidente, o chefe da Casa Civil e o portavoz do governo, Aloísio Mercadante e Edinho Silva, mais peemedebistas bastante conhecidos, os senadores Renan Calheiros, Édson Lobão e Romero Jucá. Até um senador tucano está na lista, Aloísio Nunes, que foi vice do candidato Aécio. A investigação não tem preconceitos.
Edinho Silva foi tesoureiro da campanha da reeleição e teria recebido para isso 7,5 milhões de reais da Construtora UTC, segundo depoimento de seu dono. Dinheiro que entrou legalmente na conta do PT, mas saiu ilegalmente da Petrobras. Temos certa responsabilidade por tudo isso. No Dia 7 de Setembro fui dar uma caminhada em Copacabana. Não vi sequer uma bandeira brasileira no dia do aniversário da Pátria. Vi bandeiras do Flamengo, do Fluminense e do Vasco. Enquanto o futebol for mais importante que o país, farão dos nossos impostos o que quiserem, já que os contribuintes passivos preferem um time de futebol. Somos mandantes alienados, que permitem os mandatários fazerem o que querem. Talvez a maior parte de nós não saiba por que foi feriado na segunda-feira.