Li, no fim-de-semana, o livro do copiloto do voo RG254 que fez pouso sobre a floresta amazônica, em 1989, Voo sem Volta. Depois do episódio e demitido da Varig, o copiloto do miraculoso pouso noturno de um Boeing 737-200 na copa das árvores, preencheu formulário para reentrar na aviação na VASP, recém privatizada. Gostaram de seu currículo, mas quando souberam que tinha sido copiloto do RG254, o elogiaram como profissional extraordinário, mas alegaram que “a mídia está muito em cima” e ele ficou desempregado. Naquele tempo, já se morria de medo do que nós, jornalistas, publicamos, como investigadores, julgadores e carrascos; hoje, além disso, põe-se o rabo no meio das pernas com medo dessa anônima, pseudônima, rede social. E mais, entre os próprios jornalistas, procura-se ficar dentro da voz corrente, da verdade corrente, da moda, com medo do julgamento dos pares.
Imagina se alguém ousa discordar da voz corrente? De que Jerusalém é, há mais de 3 mil anos, a capital dos hebreus e que Trump apenas transferiu a embaixada para a capital onde está o governo de Israel, e que isso nada muda a situação e acordos entre judeus e palestinos? Imagina se alguém disser que não houve apenas escravidão negra no Brasil, mas que o ministério público certamente enquadraria hoje como escravidão o que foi feito com imigrantes alemães, italianos, poloneses e japoneses no Brasil? Até defender a lei e a polícia virou motivo de censura por parte dos julgadores supremos da mídia e das redes sociais.
O país está sendo invertido, e as pessoas se encolhem passivamente por medo: o professor é o culpado porque o aluno não aprendeu; a sociedade é a culpada por existir bandido; o bandido é celebridade e a polícia(Civil, do Rio) tira selfies com o fora-da-lei; policiais são mortos pelos bandidos e as chamadas “forças vivas da Nação” não dão um pio, não lotam os cemitérios com homenagens; crianças são submetidas a arteiros a pretexto de arte; professora ensina aluno como vestir preservativo com a boca; o racismo está intrínseco em tudo que faz distinção da pessoa pela cor da pele; tentam nos convencer que anormalidades são normais e patrulham quem não concordar. Com isso, o país afunda em uma crise moral em que se consegue enfraquecer a lei, os princípios, a família, o mérito de cada um, graças ao medo imposto pela tirania do politicamente correto.
As pessoas têm medo de serem elas próprias; de contrariarem os modismos, a voz-corrente, o que está sacramentado porque foi publicado na mídia ou é policiado pelas redes sociais. O Big Brother(Irmão mais Velho) de Orwell saiu de 1984 e se mudou nos tempos de agora. O indivíduo está perdendo a identidade, passa a ser apenas um na manada. Não precisa ter o trabalho de apreender, de compreender, para decidir. Já decidiram por ele e basta seguir a manada para não ser pressionado, incomodado, policiado, julgado, sentenciado e executado pela voz corrente, essa força opressora que não tem sequer nome para impedir que seus oprimidos saibam contra quem teriam que se defender.