Transitado em julgado, findou o processo destinado a condenar Bolsonaro e começa a execução da pena de 27 anos. A defesa do ex-presidente julgou inútil usar o último recurso, como foi inútil qualquer defesa, desde o primeiro dia, pois a condenação já era anunciada pelos ministros mais falantes do Supremo. Mais do que uma sentença de prisão, Bolsonaro enfrenta agora, com a imobilidade do confinamento, o risco de uma sentença de morte.
A facada de Adélio Bispo nunca cessou de agredir o corpo de Jair Bolsonaro. Depois dela, bisturis tiveram que entrar meia dúzia de vezes, na tentativa de corrigir as aderências; mas provocaram mais cicatrizações que causam aderências, dificultando os movimentos do aparelho digestivo. O suco gástrico sobe em vez de descer e à noite tira o sono, com risco de broncoaspiração, que pode causar pneumonia. Por isso tantas hospitalizações de emergência. Os riscos aumentam a cada dia e, agora, com a imposição de vida sedentária, na limitação de um pequeno quarto na Polícia Federal, o agravamento é turbinado, com risco de infarto, AVC, colapso respiratório no sono ou deterioração psiquiátrica grave, como está num relatório médico pormenorizado, feito pelo Dr. Marcelo Caixeta, citando 30 fontes de pesquisa. Fico pensando se não foi esse o histórico do Clezão, que morreu depois de muitos pedidos para ir à prisão domiciliar.
O drama que começou no atentado de 6 de setembro de 2018 ainda não encontrou soluções. Nem na apuração do crime, nem nas consequências da facada. Impossível que Adélio tenha agido sozinho, já que alguém, na Câmara dos Deputados, registrou a presença dele num gabinete de deputado, enquanto Adélio estava em Juiz de Fora. O deputado e delegado federal Alexandre Ramagem, em entrevista na Florida, revelou que estavam num caminho importante de apuração, quando veio a desativação de seguimento da pista. O agravamento da facada foi sentido por Bolsonaro por esses sete anos. Agora o confinamento vai potencializar as sequelas, mostra o Dr. Caixeta. O ex-presidente corre sérios riscos.
Onix Lorenzoni, parlamentar por 30 anos e várias vezes ministro de Bolsonaro, convocou as maiores bancadas – do agro e evangélicos – a se mobilizarem por anistia. O líder do PL, Dep. Sóstenes Cavalcanti, conta já 280 votos. O movimento acontece num mau momento para o governo se opor. Na Câmara, o presidente Hugo Motta se declara rompido com o líder do governo, Lindberg Farias. No Senado, o Presidente Davi Alcolumbre afasta-se do líder do governo Jacques Wagner, porque Lula indicou Messias sem nem sequer avisar Alcolumbre, que defendia a indicação de Rodrigo Pacheco.
Lula passa por outros maus momentos. A COP foi tiro pela culatra; foi vitrine, sim, mas das mazelas da região norte, e projetou o Brasil como um país bagunçado como a reunião do clima. Os impostos continuam crescendo. Até outubro, o governo federal arrecadou 2,4 trilhões de reais dos pagadores de impostos, mas não mostrou a eles bons serviços públicos; só gastou mais do que cobrou do contribuinte; até agosto há um déficit de 86 bilhões. Os Correios estão em situação desesperadora. As facções criminosas ocupam partes do país e o presidente critica ações da polícia. A COP revelou a Amazônia dominada por narcotraficantes nacionais e estrangeiros – além das ONGs estrangeiras habituais. As viagens ao exterior parecem uma fuga dos problemas internos que o Presidente não consegue resolver. E que vão se acumulando para o ano eleitoral.


