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A vitória de Davi

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Alexandre Garcia

Eu estava em Santa Cruz do Sul no último sábado, na festa de aniversário de minha mãe, quando um foguetório generalizado na cidade chamou a atenção de todos. Parecia um final de Gre-Nal gaúcho. Logo o twitter esclareceu: Davi havia vencido o gigante Renan. Nunca vi o povo acompanhar com tanto interesse uma eleição para presidente do Senado. A força que se formou nas ruas e se revelou nas urnas de outubro continua atuante. A mesma força popular, de uma maioria antes silenciosa, fez os senadores sentirem a pressão, através das redes sociais. Fechava-se sobre a cúpula de concreto do Senado, uma cúpula virtual, atenta, vigilante, democrática.

E o gigante Renan Golias, que se encaminhava para a penta-presidência do Senado, na avaliação dos costumeiros analistas, tombou ante a pedra de Davi e da multidão de brasileiros atentos, que não confiaram em esperar que a Justiça conclua os 17 inquéritos e julgue a ação penal em que Renan é réu. Apareceu um Davi, que é também Samuel e tem um tio Salomão e um irmão Josiel e que frequenta a Sinagoga, para reviver o Livro dos Reis do Velho Testamento. Restou a um Renan inconformado tuitar uma baixaria contra uma jornalista, que ele depois apagou, mas restou na maldade dos que reproduziram o texto vulgar a pretexto de condená-lo. Com isso Renan, mas uma vez, vai ter pela frente um caso pesado com mulher; já se fala em aplicar a quebra de decoro.

Davi Samuel Alcolumbre Tolebem, nascido em 1977, é comerciante. No DEM há 13 anos, era do Movimento Jovem do partido. Esse jovem Davi deixou para trás uma série de políticos tradicionais, que queriam a presidência do Senado: Fernando Collor, Álvaro Dias, Espiridião Amin, e o gigante Renan. O senador Davi será decisivo na seleção da pauta do Senado e, como se torna também presidente do Congresso, terá igual influência quando as duas casas estiverem em reunião conjunta. Além disso, terá assento importante no Conselho de Defesa Nacional e no Conselho da República, e é o terceiro da lista de substituição eventual do Presidente da República, à frente do Presidente do Supremo.

De quebra, fez seu partido, o DEM se tornar titular da Câmara, onde foi reeleito Rodrigo Maia, e do Senado. O DEM é um partido de direita, ou centro-direita e emerge com mais força desta mudança em que as vozes silenciosas passaram a se manifestar e a mostrar que são maioria. O ex-líder do DEM, Onix Lorenzoni, hoje Chefe do Gabinete Civil do governo, agitou palmas no triunfo de Davi. Reflexo também de um Senado renovado: nas 54 vagas, o voto trouxe 46 novos senadores, mais ligados ao povo e menos ligados aos conchavos. O ambiente, no legislativo federal, parece propício para reformas nas áreas econômica e penal.

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