Para a Copa de 2014, o Brasil está reformando ou reconstruindo quatro estádios dentro dos prazos, cinco estádios com prazos atrasados e está muito atrasado na construção de três estádios, inclusive no da abertura. Para isso, precisa de 6 bilhões e meio de reais. A organizadora das copas, a FIFA, fatura o dobro disso no período entre um certame e outro. Entre receita, direitos televisivos e de marketing, de 2007 a 2010, a soma chegou ao equivalente a 12 bilhões e trezentos milhões de reais.
Você concordaria em tirar do seu bolso contribuição para construir os estádios brasileiros necessários para a Copa? Ainda que você diga não, está contribuindo, mesmo contra a sua vontade. O BNDES está financiando boa parte das obras. E governos pagando. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, anunciou 420 milhões de incentivos fiscais para as obras do estádio do Corinthians. Os governos do Rio e do Distrito Federal estão tocando as obras do Maracanã e do Estádio Nacional de Brasília. A Prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná concedem 90 milhões de reais para as obras da Arena da Baixada. A Arena Pantanal está sendo tocada pelo Governo do Mato Grosso. À exceção do Beira-Rio, em Porto Alegre, os demais têm parcerias público-privadas.
Será que vale a pena, para um torneio que vai de 6 de junho a 13 de julho? Não seria mais bem empregado esse dinheiro em escolas, hospitais, meios de transporte e segurança pública? Se nós, brasileiros, estamos pagando por estádios e não por melhoria de nossas condições de vida, então é porque gostamos muito de futebol e, como o dinheiro é nosso, somos donos de nossa opção. Certamente sabemos que o futebol é um grande show-business, um imenso negócio, em que artistas jogam por dinheiro e nós achamos que tudo isso faz parte do jogo, que, afinal, não é exatamente um esporte em sua acepção original e ideal da palavra.
Tomara que sobrem algumas migalhas para nós, da arquibancada, em transporte urbano e segurança pública. Não sei se vai sobrar em promoção turística, como esperam. Talvez seja o contrário. A par da beleza natural, estrangeiros civilizados vão encontrar violência, sujeira, desorganização. Vai ser péssima propaganda. Ou aproveitamos o futebol, de que tanto gostamos, e seguimos a Tailândia, na vontade de estudar, de respeitar a lei, de deixar tudo limpinho, como acaba de me sugerir uma colega que recém voltou de férias daquele lugar da Ásia.
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