quarta-feira, 24/abril/2024
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Superávit da balança comercial cai pelo 3º ano seguido no Estado

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Pelo 3º ano consecutivo, o superavit da balança comercial mato-grossense regrediu em resposta à queda nas exportações. O saldo positivo de US$ 11,402 bilhões obtido em 2016 -resultado dos US$ 12,588 bilhões em vendas externas, descontados os US$ 1,185 bilhão decorrentes das importações – é o menor dos últimos 3 anos. A série histórica, mantida pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) desde o início dos anos 2000, aponta superavit de US$ 14,110 bilhões em 2013, que recuou para US$ 13,028 bilhões no ano seguinte.

Em 2015, o saldo comercial baixou novamente, para US$ 11,739 bilhões e mais uma vez no último ano, ao totalizar US$ 11,402 bilhões. Principal produtor brasileiro de soja, milho, algodão e detentor do maior rebanho bovino, Mato Grosso se mantém como um grande exportador de commodities. Essa vocação para a produção agropecuária é nutrida com importações de insumos, como fertilizantes e defensivos, além de maquinários e implementos agrícolas, produtos que se destacam na relação dos principais itens adquiridos pelo Estado de outros países.

Atualmente, os valores movimentados com as exportações superam em 10 vezes o saldo das importações. Entre os anos 2000 e 2013, as exportações mato-grossenses mantiveram crescimento contínuo. Situação que contribuiu para um saldo comercial cada vez mais superavitário, considerando as oscilações nas importações. Em 2013, as vendas originadas em Mato Grosso movimentaram US$ 15,815 bilhões. No ano seguinte, a situação se reverteu, quando as vendas de produtos mato-grossenses renderam US$ 14,796 bilhões. Em 2015, a cifra recuou para US$ 13,070 bilhões e novamente para um patamar inferior em 2016, quando atingiu US$ 12,588 bilhões.

Como aponta o economista Vivaldo Lopes, o comportamento das exportações e dos saldos comerciais de Mato Grosso nos anos de 2014 a 2016 confirmam o modelo agroexportador da economia estadual. “Em 2014 as exportações foram um pouco afetadas pela baixa cotação do dólar frente ao real, fazendo com que uma proporção maior da nossa produção agropecuária fosse destinada ao próprio mercado interno brasileiro”, pontua.

Já no ano seguinte, as exportações ficaram mais atraentes por causa da variação cambial e foram favorecidas pelo aumento da demanda do mercado chinês, lembra o economista. “A China adquiriu mais soja e milho de Mato Grosso em detrimento dos EUA e Argentina, nossos principais concorrentes”. Em 2016, apesar da continuidade da apreciação do dólar, houve quebra de safra em Mato Grosso e redução dos volumes físicos exportados. “Novamente o saldo positivo da balança comercial mato-grossense resultou do valor inexpressivo das importações e pela depreciação do real frente ao dólar”.

Importação – Na aquisição de produtos originários de outros países foram desembolsados US$ 1,185 bilhão em 2016 pelos importadores mato-grossenses, sendo o menor valor dos últimos 5 anos. Em 2015, as importações realizadas pelo Estado movimentaram US$ 1,331 bilhão. Com a redução das compras motivada pela alta cambial, o saldo comercial foi ainda mais favorável no penúltimo ano.

Insumos importados foram substituídos por nacionais e a aquisição de máquinas e equipamentos também diminuiu, lembra o economista Vivaldo Lopes. “Temos um fluxo de comércio exterior quase que exclusivamente de mão única: apenas exportamos”, comenta. Entre os municípios que mais importaram no ano passado estão Rondonópolis (US$ 652,916 milhões), Sorriso (US$ 174,962 milhões), Alto Araguaia (US$ 142,955 milhões) e Cuiabá (US$ 53,904 milhões). Principal porta de entrada de importados na Capital, o Porto Seco de Cuiabá registrou 990 operações de importação em 2016.

Foram trazidas de outros países 26,487 mil toneladas em produtos – como empilhadeiras, bobinas de aço, peças automotivas e silos – pela cifra de US$ 73,810 milhões. Em 2015, foram 1,599 mil operações de importação, que viabilizaram a entrada de 53,346 mil toneladas de produtos que custaram US$ 75,330 milhões. O enfraquecimento das importações é ainda maior se comparado com a movimentação de produtos até 2014, quando a estação aduaneira recebeu 94,361 mil toneladas de produtos -incluindo aeronaves e pneus, além dos outros supracitados – e faturou US$ 293,308 milhões.

Desde então, a queda no faturamento foi de 75%. “O nosso movimento caiu porque os investimentos (empresariais) reduziram”, comenta o diretor-presidente da estação aduaneira, Francisco Almeida. Para ele, a falta de incentivos fiscais no Estado afetou a capacidade de investimento empresarial e consequentemente as importações de equipamentos e maquinários. O desestímulo aos investimentos foi agravado com a retração econômica e até mesmo com a quebra de safra de grãos. “Mato Grosso é um estado excepcional, onde a produção agropecuária cresce e tem condição de alavancar o desenvolvimento com a industrialização dos produtos aqui. Mas, há o problema da logística para fazer isso, o custo elevado da energia elétrica, dos combustíveis, do frete e a falta de incentivos”.

Como acrescenta Lopes, as importações mato-grossenses ainda são inexpressivas. “O que não é muito saudável, pois nossa agroindústria perde oportunidades estratégicas para modernizar seu parque industrial, agregar valor à produção, ser mais produtiva e competitiva”.

Fato agregado – O retorno financeiro com as vendas de produtos básicos, manufaturados, semimanufaturados e industrializados recuou no último ano, comparado com 2015. Esse movimento de queda vem acontecendo desde 2014. Conforme estatística do Mdic, os produtos básicos responderam por 96% do saldo das exportações estaduais no último ano, ao adicionar US$ 12,086 bilhões. A participação dos industrializados foi de 3,99% nas exportações, percentual equivalente a US$ 502,386 milhões. O embarque de produtos semimanufaturados acrescentou US$ 354,962 milhões (2,81%) e de manufaturados a quantia de US$ 147,423 milhões (0,011%).

Municípios exportadores – Entre os 5,570 mil municípios brasileiros, 10 mato-grossenses estão entre os 100 maiores exportadores. Na relação da balança comercial dos municípios estão listados Sorriso – no topo do ranking, ao movimentar US$ 1,367 bilhão com a venda de produtos para outros países em 2016 -além de Rondonópolis (US$ 965 milhões), Nova Mutum (US$ 655,220 milhões), Primavera do Leste (US$ 598,114 milhões), Lucas do Rio Verde (US$ 508,422 milhões), Sinop (US$ 491,248 milhões), Sapezal (US$ 481,066 milhões), Querência (US$ 445,459 milhões) e Diamantino (US$ 437,580 milhões).

A Capital mato-grossense ocupa a 134ª posição na lista nacional, com saldo comercial de US$ 276,044 milhões. À sua frente está Campo Novo do Parecis, que faturou US$ 387,922 milhões no último ano com o embarque de produtos para outros países. 

Perspectiva- Para o ano de 2017, a expectativa é de crescimento na quantidade de produtos exportados e no retorno financeiro dessas vendas, mantendo assim a geração de saldo comercial positivo e contribuindo de forma expressiva para o resultado positivo esperado para a balança comercial brasileira. “O crescimento do PIB estadual passou a depender diretamente do desempenho de nossas exportações”, conclui Vivaldo Lopes.

Fonte: A Gazeta (foto: assessoria/arquivo)

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