Os preços da soja voltaram a recuar nos portos do Brasil nesta terça-feira acompanhando as baixas registradas na Bolsa de Chicago. O mercado internacional até iniciou o dia com estabilidade, porém, na sequência, passou a trabalhar em campo negativo e terminou o pregão perdendo mais de 7 pontos entre os principais vencimentos. Assim, o novembro/17 ficou com US$ 9,63 e o maio/18, com US$ 9,92 por bushel.
Com esse recuo – e apesar da boa alta do dólar observada hoje frente ao real – a soja disponível, no porto de Paranaguá, perdeu 0,70% para R$ 71,00 por saca, enquanto a safra nova foi a R$ 72, perdendo 1,37%. Em Rio Grande, as referência ficaram em, respectivamente, R$ 71,00 e R$ 72,50, perdendo 0,98% e 1,36%. Já Santos/SP, Imbituba e São Francisco do Sul/SC fecharam o dia sem indicativos nesta terça.
No interior, por outro lado, as cotações não obedeceram a um mesmo movimento, e se mostram cada vez mais regionalizadas, acompanhando e refletindo realidades particulares de cada área, principalmente em função da demanda interna.
Em praças de Mato Grosso, como Rondonópolis e Primavera do Leste, os preços subiram mais de 2% para fecharem com R$ 62,50 e R$ 60,50, nessa ordem, ou em Itiquira, onde a referência encerrou o dia com R$ 61 e ganho de 2,52%.
No Rio Grande do Sul, por outro lado, as duas praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas apresentaram perdas nesta terça, que variaram de 0,84% a 0,89% e os preços ficaram entre R$ 59 e R$ 60 por saca. Baixas foram registradas também em Santa Catarina e no Oeste da Bahia. Enquanto isso, em Mato Grosso do Sul e Goiás, as cotações se mantiveram estáveis.
Apesar de ainda pontuais, os negócios no Brasil seguem fluindo. A demanda forte por exportações – que mantém os prêmios positivos nos portos, variando, em Paranaguá, por exemplo, entre 52 e 65 cents de dólar sobre os preços praticados em Chicago – e mais a demanda local têm dado algumas oportunidades ainda para as vendas da safra velha. Já as da nova, seguem mais lentas.
“O ritmo dos negócios vai fluindo bem e como estamos vendo nas exportações os embarques continuam acelerados. Enquanto isso, a safra nova não está sendo plantada e também não está sendo negociada, porque os vendedores querem cotações maiores que os níveis que aparecem entre os R$ 71 aos R$ 72 para as posições de março a maio”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Dólar
Nesta terça, o dólar fechou com alta de 0,29% para fechar o dia com R$ 3,1666, depois de bater em R$ 3,1756 na máxima da sessão. O fechamento foi o mais alto desde o último 22 de agosto.
Os ganhos se justificaram com a fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, sinalizando uma alta dos juros americanos nos próximos meses. “O mercado estava duvidando um pouco do Fed, já que ele tem um histórico de discursos mais ‘hawkish’ não cumpridos, mas a questão é até quando ele vai duvidar”, afirmou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin.
Mercado Internacional
O recuo dos futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, nesta terça-feira, refletiu o peso um pouco mais acentuado do avanço da colheita nos Estados Unidos e de uma melhora nas previsões do tempo para o Brasil nas próximas semanas.
“A colheita da safra norte-americana chega a 10%, ante 9% da mesma data do ano passado. A média histórica é de 12%. O bom progresso da última semana, de 6 pontos percentuais, e as projeções de avanço rápido pressionam os preços. Quanto à qualidade, o USDA elevou a categoria bom/excelente em 1%, para 60%. A produtividade das áreas colhidas, compatível com as surpreendentes estimativas do USDA, é outro ponto de pressão”, diz o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.
Sobre o clima no Brasil, modelos climáticos do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) mostram que, a partir de 3 de outubro, chuvas mais volumosas começam a chegar em Mato Grosso. Os acumulados podem ser de até 50 milímetros em algumas áreas do estado. Assim, os produtores terão melhores condições de iniciarem o plantio da safra de verão.
Além disso, o mercado na CBOT também já vê um posicionamento dos traders à espera do boletim de estoques trimestrais que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta sexta-feira, 29, com a posição de 1º de setembro.