A segunda-feira foi de baixas generalizadas para os preços da soja. Acompanhando as perdas de quase 30 pontos – ou mais de 2% – entre os futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago, as referências perderam força também no mercado doméstico neste início de semana. O vencimento maio/18, que é o mais negociado nesse momento, fechou o dia com US$ 10,22 por bushel.
Assim, no porto de Rio Grande, a soja disponível terminou o dia com R$ 77 por saca, recuando 2,16%, e o indicativo para maio/18 ficou em R$ 77,50, com queda de 2,27%. Em Paranaguá, os preços permaneceram estáveis nos dois casos, terminando o dia nos R$ 80 por saca.
No interior, as cotações também recuaram de forma significativa e chegaram a bater em até 2,44% somente nesta segunda, como foi o caso de Sorriso, em Mato Grosso, onde o valor da saca ficou em R$ 60. As demais praças do Centro-Oeste, bem como as do Sul e Nordeste, também finalizaram o dia em campo negativo.
As perdas foram intensas no mercado interno uma vez que as baixas de quase 3% na CBOT não puderam ser compensadas pela alta do dólar nesta primeira sessão da semana, que foi de apenas 0,17%, com a moeda americana encerrando o dia com R$ 3,2845. A cena externa pesou de forma mais severa sobre o mercado cambial e ainda há algumas incertezas sobre a política monetária norte-americana.
“A dúvida ainda persiste na extensão do aperto (monetário nos EUA), dados os indicadores econômicos mais recentes”, comentou o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira à agência de notícias Reuters.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, o mercado da soja sentiu a pressão da chegada, enfim, de chuvas para áreas produtoras da Argentina após semanas de uma seca severa e de perdas diárias no potencial da safra do país. Embora tarde, as precipitações trazem algum alívio às lavouras semeadas mais tarde, além de promoverem um efeito psicológico ‘negativo’ no mercado, que vê os fundos carregando grandes posições compradas neste momento.
“Embora a umidade não seja suficiente para reverter a situação de perdas nas lavouras de soja, a psicologia do mercado vê a chuva como fator baixista”, informou o Agriculture.com. Os mapas meteorológicos voltaram a indicar algumas chuvas nos próximos 10 dias no país, conforme dados do site WxRisk.com.
“No caso da soja, as atenções estão voltadas para a quantidade de chuva que atingirá a Argentina e quais regiões beneficiadas essa semana”, informou a Kluis Commodities, em nota aos clientes.
Paralelamente, a evolução da colheita da soja no Brasil também permanece no radar dos participantes do mercado. “A expectativa é de que o mercado se volte para a grande produção brasileira e, na sequência, para o plantio que pode ser recorde nos Estados Unidos”, diz o boletim diário da Benson Quinn Commodities.
Dessa forma, segundo informações de agências internacionais, os fundos de investimento permanecem liquidando suas posições depois das recentes valorizações.
Além disso, os embarques semanais reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta segunda-feira também não contribuíram, com números que ficaram bem abaixo das expectativas do mercado.
Na semana encerrada em 15 de março, os EUA embarcaram 490,536 mil toneladas apenas, enquanto o mercado esperava algo entre 680 mil e 1,03 milhão de toneladas. No acumulado do ano comercial, os embarques já totalizam 40.219,615, ainda abaixo do ano passado, quando eram mais de 45,7 milhões nessa mesma época.